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Já fazia muito tempo, Christine vinha atravessando o parque. Vestia ainda o uniforme de tênis, não tivera tempo de tomar banho nem de se trocar, e seus cabelos estavam presos por um elástico. Seu rosto gorducho e corado, exposto sem a franja que o suavizava, parecia o de uma camponesa russa, mas sem o elástico o cabelo lhe entrava nos olhos. A tarde estava demasiado quente para o mês de abril; as quadras interiores fumegavam, sua pele parecia escaldada.
O sol desentocara os velhos de onde quer que eles passassem o inverno; Christine lera recentemente a história de um que havia morado durante três anos em uma caixa subterrânea. Sentavam-se, mirrados, nos bancos ou no gramado com a cabeça apoiada em quadrados de jornal velho. Quando ela passou, seus rostos de cogumelo engelhado se viraram, atraídos pelo movimento do seu corpo, depois tornaram a se desviar, desinteressados.
Os esquilos haviam saído também, em busca de comida; dois ou três correram em sua direção em arrancadas e pausas, os olhos fixos nela, esperançosos, a boca com o maxilar retraído, lembrando a dos ratos, aberta, deixando à mostra os incisivos amarelados. Christine apressou o passo, não tinha nada para lhes dar. As pessoas não deviam alimentá-los, pensou; isso faz com que os bichos se tornem ansiosos e sarnentos.
No meio do parque ela parou para despir o cardigã. Ao se curvar para retomar a raquete de tênis, alguém tocou no braço que acabara de desnudar. Christine raramente gritava; endireitou-se subitamente, agarrando o punho da raquete. Mas não era um dos velhos, era um garoto de cabelos escuros e de uns doze anos.
- Com licença - disse ele -, estou procurando o prédio de economia. É ali? - E apontou para oeste.
Christine olhou-o mais atentamente. Enganara-se: não era uma criança, apenas um homem de baixa estatura. Chegava-lhe pouco acima do ombro, mas ela era mais alta do que a média; "estatual", a mãe dizia quando ela ficava ansiosa. Além disso, o homem era o que em sua família chamavam de "uma pessoa de outra cultura": oriental, sem dúvida, embora talvez não fosse chinês. Christine calculou que devia ser um estudante estrangeiro e lhe deu o seu sorriso oficial de boas-vindas.
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