domingo, 30 de agosto de 2009

Notas do subterrâneo

 

  • DRAG ME TO HELL decepciona. Ponto. Depois de ler e ouvir tantos elogios ao retorno de Sam Raimi ao gênero horror, eu esperava sentir a força e a criatividade de antes (Evil Dead, Darkman); no entanto, nada mais vi que cenas sem graça, reviravoltas que não surpreendem e Sam Raimi emulando a si mesmo nos movimentos de câmera, mas sem nehum brilho. Uma sensação de – mau e mal – dejá vu durante toda a projeção. E pior: o filme parece mais comprido do que é. Meu irmão comentou que esse filme fez com que ele perdesse o respeito por Raimi. Eu já o perdera em Homem-aranha 3. Tinha esperança que esse filme me fizesse recuperar esse respeito. Aposenta Sam Raimi! A história: Garota linda se indispõe com cigana nojenta e é amaldiçoada, passa ser seguida por uma lâmia (um tipo de demônio) e blá blá blá. Não empolga. Sem contar que parece muito – muito mesmo – com ‘A Maldição do Cigano’, de Stephen King. Mas sejamos justos: Provavelmente King tirou a sua história do mesmo lugar que Raimi: as E.C. Comics. Ah, pelo menos a trilha de Cristopher Young é boa. Filme decepcionante.
  • DISTRITO 9, ao contrário, é tudo aquilo que se vem falando por aí: um filmaço de ficção ciêntifica. O melhor filme do ano até agora. Com roteiro inteligente e cheio de nuances, com um desenvolivimento documental, não poupa o telespectador ao colocar na tela preconceito, chacinas, crueldade, xenofobia, medo irracional, exploração governamental e cenas de ação perfeitas. Provavelmente nem Cameron – com seu Avatar - vai conseguir concorrer com esse filmaço. Distrito 9 é, em uma palavra, o melhor filme do ano.
  • E por falar em AVATAR, o trailer é bonito e legal: “It’s Great!” e, bem, é isso. Não revoluciona. Não mostra nada de novo. Na verdade lembra muito outros filmes! “Ah, mas você não viu em 3-D e hein hein hein”. E daí? Tem que funcionar de qualquer jeito em qualquer lugar. Mas convenhamos, o pior problema de Avatar é Cameron se achar e ficar falando que é revolucionário. Até agora, não é. Longe disso. Um pouco de humildade, senhor Cameron. Quem deve dizer se uma obra é revolucionária ou não é o público, não o artista. Trailer e fotos apenas mais ou menos.
  • E, deixando os filmes um pouco de lado, vamos passar para um livro: BANGOQ 8. Começou bem, com um militar americano sendo assassinado por uma enorme cobra. Cena muito legal mesmo. Foi indo bem, com uma narrativa em primeira pessoa feita por um policial de Bangoq. Mostrando os tons da cidade e tudo mais. Até que, de-repente entram oficiais americanos e se torna um trilher mais ou menos comum e meio previsivel. Estou na metade. Nem devia estar falando do livro até agora. afinal, pode haver uma reviravolta e tal e o livro tornar a ficar interessante, mas Bangoq 8 está quase ficando largado por aí na estante. Eu confesso: sou rabujento. Deve ser a idade. Não tenho paciência com trechos chatos, seja de livros, filmes ou o que for. Livro que ainda não disse a que veio.
  • Voltando aos filmes, ontem vi CAMINHOS PERIGOSOS, do Martin Scorcese. Puta que pariu. Isso é que é filme. Não vou babar na direção ou na interpretação dos atores. Keitel magistral. De Niro em sua melhor fase. Direção perfeita de Scorcese. Não vou falar de nada disso. Vou falar dos diálogos tirados diretos das ruas. Que Tarantino que nada. Scorcese sim sabe como se fala nas ruas. Obra prima e clássico são duas expressões manjadas mas cabem com perfeição aqui. Esqueça o cinema do século 21. Filme de Scorcese = Ótimo.
  • O MELHOR CINEMA É O DOS ANOS 1970! Pode parecer papo de velho, mas assista os filmes dessa época – 1970’s porra – e depois a gente conversa.
  • E então, SOM E FÚRIA, que Fernando Meirelles pariu. Muito legal, muito divertido esse retrato dos bastidores de uma companhia de teatro. Quem diria que é possivel algo de qualidade na tv aberta? Hilário.
  • E vamos falar de HUNG, estrelando Thomas Jane – aquele mesmo de O Justiceiro – como um professor de história e treinador de basquete, que foi largado pela mulher (“Larguei um menino para ficar com um homem.” Ui!), que decide se prostituir ao descobrir seu – único – talento: um pau grande. É da HBO essa série, o que quer dizer: personagens bem desenvolvidos e carismáticos que te prendem na tela. Série do tipo que não se consegue largar.
  • A melhor coisa do fim de semana? DISTRITO 9, naturalmente.district-9

 

à vontade

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ghost box recordings

 

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o grito da BANSHEE

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A Caminho de Assunção, de Rubem Fonseca

Cadaveresparaguaios

Meu dólmã azul-ferrete de alamares brancos estava puído nos punhos e na gola. Minhas botas não tinham saltos, e estavam furadas nas solas. O punho da minha espada partira-se. Os soldados tinham os pés descalços e os uniformes remendados pelas mãos das chinas que seguiam voluntariamente nosso exército ou eram arrebatadas nos povoados que atravessávamos a caminho de Assunção.
O Coronel Procópio, comandante do 2°. Regimento de Cavalaria, recusava-se a nos deixar vestir roupas civis.
Sabemos que o próprio General-Comandante veste sobre o seu uniforme um poncho azul de forro vermelho. E que oficiais e praças gaúchos do 5°. Regimento se vestem de bombachas, ponchos e chapéus de vaqueiro, disse Procópio, na reunião do Estado-Maior.
Procópio era um homem magro, de testa pontuda e queixo fino. Passava as noites lendo na barraca. Diziam que ele não andava bom da cabeça.
Não somos um bando de peões de estância. Somos os Dragões Reais de Minas. Nosso regimento foi criado por Carta Régia.
Quando Procópio gritava, sua voz ficava áspera e rouca. Estávamos em dezembro. Havíamos acabado de atravessar o Chaco e metade do nosso regimento fora dizimado pelo cólera, o beribéri e o tifo. Em meio à marcha rápida para o sul, bivacamos perto das coxilhas de Vileta. O acampamento fervilhava de homens e material de guerra. Íamos atacar Avaí.
Ouvia-se, ao longe, uma paródia obscena do hino da Cavalaria, cantada pelos gaúchos do 5°.
Partimos de madrugada. Raiou um dia de céu azul e nuvens muito brancas. Ao cruzar um desfiladeiro sombrio ouvimos o troar das bocas de fogo inimigas. O alferes Rezende, que crescera comigo em Santo Antônio do Paraibuna, caiu com o pé preso no estribo, a cabeça uma polpa sangrenta, e foi arrastado pelo seu cavalo em disparada até desaparecer num capinzal alto. De entre a macega, os mosquetões inimigos atiravam sem parar. O céu começou a escurecer e logo uma chuva grossa desabou sobre o campo de batalha.
Procópio ordenou uma carga sobre as baterias do flanco esquerdo. Atravessamos um capoeirão, um chão coberto de mata rala. Com as lanças em riste, investimos sobre a artilharia inimiga.
Carreguem, carreguem!, bradava Procópio.
O ruído das patas dos cavalos em galope acelerado e dos nossos gritos era tão forte quanto o estrondo dos canhões. O primeiro que matei estava sem a barretina, os cabelos lisos, de índio, molhados pela chuva.
Muitos dos nossos, os cavalos mortos, combatiam a pé. A lâmina da minha espada brilhava lavada de sangue e chuva. Um artilheiro inimigo, um menino, agarrou meu estribo e me atacou com um facão. Decepei-lhe a mão direita, num golpe seco e hábil.
Aos poucos a luta foi cessando, apenas pequenas escaramuças ocorriam esporadicamente. O exército inimigo havia sido desbaratado. Não se ouvia mais o estrondo dos seus canhões. Dezessete deles haviam sido capturados.
Nas ribanceiras e montes, nas macegas e capoeiras estavam caídos corpos mortos de muitos milhares de homens e animais. Saía do chão um cheiro de terra molhada e sangue e pólvora misturado com a fragrância doce da bosta dos cavalos.
O Coronel Procópio e o Tenente-Coronel Rubião estavam mortos. O Major José Rias assumiu o comando do regimento. Os oficiais e sargentos se reuniram em torno de sua cabeça pelada pelo tifo. A pele do rosto de Rias era pálida como cera de vela de santo e seus olhos, encravados fundo no crânio, brilhavam de febre e loucura. O espírito de Procópio parecia ter entrado no seu corpo. Vamos até Assunção! Viva a Cavalaria!
Um estafeta surgiu para avisar que o General-Comandante estava passando em revista as tropas. José Rias percorreu o acampamento berrando com os homens que estavam deitados, dormindo ou apenas olhando exaustos para o céu.
A cavalo! de pé! Rias dava pontapés no rosto dos que não respondiam às suas ordens, enfiava a espada nas costelas dos recalcitrantes.
Em pouco tempo os homens montaram nos seus cavalos. Aqueles que haviam perdido as montarias perfilavam-se a pé, alguns com os arreios ao lado, a lança na mão direita usada como apoio, para não caírem ao chão de cansaço.
No meio da neblina, do lado norte do campo, surgiu o General-Comandante cavalgando um tordilho, acompanhado de um ajudante-de-ordens. Vestia o poncho azul com forro vermelho, segurava as rédeas na mão esquerda e com a direita mantinha um lenço negro contra o rosto. Um tiro arrebentara seu maxilar e alguns dentes da frente. Havia manchas de sangue no seu poncho. Ele estava enganchado na sela como alguém que tivesse passado a vida inteira naquela posição. Os soldados, obedecendo ao comando de Rias, ficaram em posição de sentido.
O General imobilizou sua montaria e sem soltar as rédeas levantou a mão esquerda pedindo silêncio. Mas ouvia-se apenas o ranger do couro das selas e dos loros, o retinir das esporas e barbelas, o resfolegar dos cavalos contidos pelos freios. O General tirou o lenço do rosto e começou a falar.
Camaradas do 2º. Regimento, Dragões Reais de Minas...
O ferimento da boca não permitia que ele pronunciasse as palavras corretamente. Eu dormitava sobre a minha sela e mal entendia o que ele dizia.
O velho Sargento Andrade, dado como morto, esticado ao lado de uma carreta de munição, as esporas gastas de ferro enfiadas na terra estrangeira, o uniforme roto e sujo de lama, levantou-se, fez uma continência e caiu ao chão. Alguns soldados riram à socapa.
Osório parou de falar. Respondeu a continência olhando o corpo imóvel de Andrade, seu rosto meio escondido pelo lenço negro. Fez um gesto para o ajudante-de-ordens, esporeou o cavalo e partiu num trote curto em direção ao acampamento do 5°.

boneca chinesa mortal!

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o alimento dos deuses

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os livros de DOC SAVAGE

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Eu adoro trash: RE-ANIMATOR

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ardil-22, um trecho

catch22

- E não me diga que Deus trabalha por caminhos misteriosos - continuou Yossarian, passando por cima das objeções dela. - Não há nada de misterioso. Ele simplesmente não está trabalhando. Está mais é brincando. Ou então esqueceu-se completamente de nós. Esse é o tipo de Deus sobre o qual vocês costumam falar: um caipira, desajeitado, confuso, trapalhão, presunçoso e esquisito. Bom Deus, como é que se pode ter reverência por um ser supremo que acha necessário incluir em seu sistema divino de criação fenômenos como o catarro e a cárie dentária? O que passou pela sua mente deformada, diabólica e escatológica quando roubou aos velhos a capacidade de controlar os movimentos das entranhas? Por que razão tinha que criar a dor?

- A dor - disse a esposa do Tenente Scheisskopf, vitoriosamente, agarrando a oportunidade com unhas e dentes. - A dor é um sintoma da maior utilidade. A dor constitui um aviso dos perigos para o corpo.

- E quem criou esses perigos? - perguntou Yossarian, com uma risadinha cáustica. - Oh, ele estava realmente sendo caridoso conosco quando nos deu a dor! Por que, em vez disso, não poderia ter usado uma campainha de porta para nos avisar? Ou então um dos seus coros celestiais? Ou até mesmo um sistema de tubos de luz neon, vermelha e azul, embutidos no meio da testa de cada pessoa. Qualquer fabricante de vitrolas automáticas poderia fabricar um negócio desses com a maior facilidade. Por que, então, ele não pôde fazê-lo?

- As pessoas certamente pareceriam tolas andando com tubos de luz neon embutidos na testa.

- E por acaso elas parecem bonitas agora, contorcendo-se em agonia ou embrutecidas por uma dose de morfina? Mas que trapalhão colossal e imortal! E quando a gente pensa na oportunidade e no poder que ele tinha de fazer um trabalho e tanto, fica-se ainda mais impressionado com toda essa confusão estúpida e horrível que ele criou. A incompetência dele é impressionante. É evidente que nunca teve que se preocupar com uma folha de pagamento. Nenhum homem de negócios que se preze jamais iria contratá-lo sequer para encarregado da expedição!

JOSEPH HELLER

as noivas de drácula

templesmith

No traço de ben templesmith.

john sturges’s

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amigas, amigas

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brian de palma’s

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The Haunted World Of El Superbeasto

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

batman: ashes to ashes

Para maiores…

um clássico sci-fi

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o futuro era assim

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da série “eu adoro marquês de sade”

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viki

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[REC]2

da série “eu adoro filmes policiais antigos”

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coelha na toca

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da série “eu adoro trash”

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Jana & Andrea

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david bowie in bertolt brecht’s

o pau do frankenstein

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The Man Who Walked Around The World

criminal macabre no cinema

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criminal macabre

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A Universal – aquela mesma do Drácula, Lobizomen, Múmia e outros monstros mais e menos notáveis – comprou os direitos da bela história de Steve Niles: um detetive estilo noir acabadão enfrentando monstros de todos os tipos, tendo como ajudante um zumbi invocado. Muita sangreira, drogas e diversão para toda a família. Bem, talvez não para toda a família.