segunda-feira, 27 de maio de 2013

PÁGINA ‘COMO MATAR SEU NAMORADO’

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TRECHO ‘ALVO NOTURNO’

Ricardo Piglia

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Tony Durán era um aventureiro e um jogador profissional e viu a oportunidade de estourar a banca quando topou com as irmãs Belladona. Foi um ménage à trois que escandalizou o povoado e ocupou a atenção geral durante meses. Ele sempre aparecia com uma delas no estaurante do Hotel Plaza mas ninguém conseguia saber qual era a que estava com ele porque as gêmeas eram tão iguais que até a letra delas era igual. Tony quase nunca se deixava ver com as duas ao mesmo tempo, isso ele reservava para a intimidade, e o que mais impressionava todo mundo era pensar que as gêmeas dormiam juntas. Não tanto que partilhassem o homem, mas que partilhassem a si mesmas.

Não demorou e os comentários se transformaram em versões e conjecturas e ninguém mais falou de outra coisa; nas casas ou no Club Social ou no armazém dos irmãos Madariaga as notícias circulavam a todo momento como se fossem as informa-ções do tempo. Naquele povoado, como em todos os povoados da província de Buenos Aires, havia mais novidades em um dia do que em qualquer cidade grande em uma semana, e a distância entre as notícias da região e as informações nacionais era tão abissal que os habitantes podiam ter a ilusão de viver uma vida interessante. Durán chegara para enriquecer essa mitologia, e sua pessoa atingiu uma altura legendária muito antes do momento de sua morte.

Seria possível fazer um diagrama com as idas e vindas de Tony pelo povoado, seu deambular sonolento pelas calçadas altas, suas caminhadas até as cercanias da fábrica abandonada e dos campos desertos. Em pouco tempo ele teve uma percepção da ordem e das hierarquias do lugar. As casas maiores e as mais simples se elevam divididas claramente em camadas sociais, o território parece organizado por um cartógrafo esnobe. Os povoadores principais moram no alto das ladeiras; depois, numa faixa de oito quadras, está o chamado centro histórico,* com a praça, a prefeitura, a igreja e também a rua principal, com as lojas e os sobrados; por fim, do outro lado dos trilhos, estão os bairros baixos, onde morre e vive a metade mais obscura da população.

Com sua popularidade e a inveja que suscitou entre os homens, Tony poderia ter feito o que bem entendesse, mas o acaso, que na verdade fora o que o trouxera até aqui, foi sua perdição. Era extraordinário ver um mulato tão elegante naquele povoado de bascos e de gaúchos piemonteses, um homem que falava com o sotaque do Caribe mas parecia correntino ou paraguaio, um forasteiro misterioso perdido num lugar perdido do pampa. * O povoado se localiza ao sul da província de Buenos Aires, a trezentos e quarenta quilômetros da Capital. Fortaleza militar e local de assentamento de tropas na época da guerra contra o índio, foi fundado efetivamente em 1905, quando se construiu a estação ferroviária, delimitaram-se os lotes do centro urbano e distribuíram-se as terras do município. Na década de 40, a erupção de um vulcão cobriu a planície e as casas com um manto de cinza. Os homens e as mulheres se defendiam do pó cinzento com o rosto coberto com escafandros de apicultor e máscaras de fumigar os campos.

— Ele estava sempre contente — disse Madariaga, e olhou pelo espelho um homem que circulava, nervoso, com um rebenque na mão, pela adega do armazém. — E o senhor, comissário, aceita uma genebrinha?

— Pode ser uma grapa, mas não bebo em serviço — respondeu o comissário Croce.

Alto, de idade indefinida e rosto vermelho, bigode cinza e cabelo cinza, Croce mastigava pensativo um charuto Avanti enquanto caminhava de um lado para o outro dando pancadas nas pernas das cadeiras com o rebenque, como se quisesse espantar seus próprios pensamentos que engatinhavam pelo chão.

— Como é possível que ninguém tenha visto Durán naquele dia? — disse, e os presentes olharam para ele, calados e culposos.

Depois disse que sabia que todos sabiam mas que ninguém falava nada e que andavam inventando coisa só pelo prazer de procurar cinco patas no gato.

— De onde será que saiu essa expressão? — disse, e se interrompeu intrigado, pensando, e perdeu o rumo no zigue-zague de suas ideias, que se acendiam e se apagavam como vaga-lumes na noite. Sorriu e começou de novo a andar pelo aposento.

— Como o Tony — disse, e se lembrou do que estava falando antes. — Um gringo que não parecia gringo mas era gringo.

Tony Durán havia nascido em San Juan de Puerto Rico e

seus pais se mudaram para Trenton quando ele estava com cinco

anos, de modo que se criara como um norte-americano de Nova

Jersey. Da ilha ele só lembrava que o avô era galista e que aos domingos o levava para assistir às rinhas, e também se lembrava dos homens que cobriam as calças com folhas de jornal para evitar que o sangue que escorria dos galos lhes manchasse a roupa.

Quando chegou aqui e conheceu um rinhadeiro clandestino em Pila e viu os peões de alpargatas e os galinhos pigmeus botando banca na arena, começou a rir e a dizer que não era assim que se fazia em seu país. Mas no fim se entusiasmou com a valentia suicida de um batará que usava os esporões como um boxeador canhoto peso leve usa as mãos para se soltar esmurrando do corpo a corpo, veloz, mortífero, impiedoso, buscando apenas a morte do rival, sua destruição, seu fim, e ao vê-lo Durán começou a apostar e a se entusiasmar com a briga, como se já fosse um dos nossos (one of us, para dizê-lo como teria dito o próprio Tony).

— Mas ele não era um dos nossos, era diferente, só que não foi por isso que o mataram, e sim porque era parecido com o que

imaginávamos que devia ser — disse, enigmático como sempre e como sempre um pouco irritado, o comissário.

— Ele era simpático — acrescentou, e olhou para o campo. — Eu gostava dele — disse o comissário, e ficou estaqueado no chão, perto da janela, costas apoiadas na grade, perdido em seus pensamentos.

A MÃE DOS DRAGÕES

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

TRAILER Byzantium

TRAILER 4 O HOMEM DE AÇO

THE SPIRIT

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QUINZE PALAVRAS!

“Parece”, disse minha amiga com ar de entendida, quando observávamos McEwan rodopiar com sua nova esposa pela pista de dança, “que ele escreve apenas quinze palavras por dia.” Eis uma informação infeliz para se dar a um escritor aspirante. Eu era terrivelmente suscetível ao poder do exemplo. Se me dissessem que Borges corria três milhas toda manhã e depois plantava bananeira numa tina de água antes de se sentar para escrever, eu me sentiria obrigada a tentar isso. O espectro do limite de quinze palavras ficou comigo por um longo tempo. Três anos depois, quando estava escrevendo “Dentes brancos”, lembro-me de pensar que todos os meus problemas se originavam do excesso de palavras que me sentia impelida a escrever todos os dias. Quinze palavras por dia! Por que você não escreve apenas quinze palavras por dia?

Zadie Smith (autora de Sob a Beleza)

todoprosa.

domingo, 19 de maio de 2013

CAPA 2001

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por jack kirby.

das palavras de Gene Roddenberry

Jornada nas Estrelas foi uma tentativa de dizer que a humanidade chegará à maturidade e sabedoria no dia em que ela começar não apenas a tolerar, mas a deleitar-se com as diferentes ideias e diferentes formas de vida. Se não aprendermos a valorizar essas pequenas diferenças, a nos encantar com as pequenas diferenças entre os vários membros de nossa espécie aqui neste planeta, então não somos merecedores de desbravar o espaço sideral e encontrar a diversidade que certamente existe lá fora.

FRAMES ‘COLD FISH’

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100% PERFECT GIRL

Baseado em um conto de Haruki Murakami.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

BONECA THE BEYOND

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FREEDOM

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trailer Riddick

Trailer V/H/S/2

FRAMES o sol por testemunha

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trecho O poço e o pêndulo

Edgar Allan Poe

E então insinuou-se em minha imaginação, como uma rica nota musical, o pensamento do doce descanso que devia ser o túmulo (…) Desmaiara;mas mesmo assim não direi que perdi de todo a consciência. O que dela restava não tentarei definir, nem sequer descrever; contudo, nem tudo estava perdido. No sono mais profundo—não! No delírio—não! Em um desmaio—não! Na morte—não! até mesmo no túmulo, nem tudo está perdido. Despertando do mais profundo dos sonos, rompemos a teia diáfana de algum sonho. E, contudo, um segundo depois (por mais frágil que pudesse ser a teia),não lembramos de ter sonhado. No regresso à vida após o desfalecimento há dois estágios; primeiro, o da sensação de existência mental ou espiritual; segundo, o da sensação de existência física. Parece provável que, ao atingir esse segundo estágio, se pudéssemos recordar as impressões do primeiro, deveríamos julgar essas impressões eloqüentes em lembranças do abismo que jaz além. E esse abismo é—o quê? Como de algum modo distinguir suas sombras daquelas que há na tumba?

… um asco para o qual o mundo não tem um nome…

monte de leituras. 

domingo, 12 de maio de 2013

Nick Cave & The Bad Seeds… ‘Jubilee Street’

TRAILER Arrested Development

TEASER Marvel's Agents of SHIELD

ESPELHOS E CELULARES

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映画『SHORT PEACE』予告編映像

trecho As Benevolentes

Jonathan Littell

Furias

Um Scharführer aproximava-se e saudou Ott. “Herr Untersturmführer, não há nada aqui.” Ott estava nervosíssimo. “Vasculhem mais! Tenho certeza de que estão escondendo alguma coisa.” Outros soldados e Orpo retornavam. “Herr Untersturmführer, olhamos, não há nada.” – “Vasculhem, já disse.” Naquele instante ouvimos um grito agudo ali perto. Uma forma indistinta corria pela ruazinha. “Ali!”, gritou Ott. O Scharführer mirou e atirou através da cortina de chuva. A forma desabou na lama. Os homens correram em sua direção, tentando enxergar. “Imbecil, era uma mulher”, disse uma voz. – “É você que está se chamando de imbecil!”, ladrou o Scharführer. Um homem revirou o corpo na lama: era uma jovem camponesa, com um pano colorido na cabeça, e grávida. “Ela simplesmente entrou em pânico”, disse um dos homens. “Não precisava atirar desse jeito.” – “Ainda não está morta”, disse o homem que a examinava. O enfermeiro do destacamento aproximou-se: “Levem-na para casa.” Vários homens a levantaram; sua cabeça pendia para trás, o vestido enlameado estava colado na enorme barriga, a chuva fustigava o corpo. Foi carregada para casa e depositada sobre uma mesa. A não ser por uma velha chorando num canto, a isbá estava vazia. A moça agonizava. O enfermeiro rasgou seu vestido e a examinou. “Está fodida. Mas está prestes a parir, e com um pouco de sorte ainda podemos salvar o bebê.” Começou a dar instruções aos dois soldados ali presentes. “Providenciem água quente.” Saí sob a chuva e fui me encontrar com Ott, que fora até os veículos. “O que está acontecendo agora?” – “A moça vai morrer. Seu enfermeiro está tentando fazer uma cesariana.” – “Uma cesariana?! Ficou maluco, caramba!” Voltou a subir a ruela chafurdando até a casa. Segui-o. Ele entrou bruscamente: “Que porra é essa, Greve?” O enfermeiro segurava uma coisinha sangrenta embrulhada num pano e terminava de amarrar o cordão umbilical. A moça, morta, jazia com os olhos esbugalhados sobre a mesa, nua, coberta de sangue, rasgada do umbigo até o sexo. “Funcionou, Herr Untersturmführer”, disse Greve. “É possível que sobreviva. Mas temos que achar uma ama-de-leite.” – “Enlouqueceu!”, gritou Ott. “Me dê isso!” – “Por quê?” – “Me dê isso!” Ott estava branco, tremia. Arrancou o recém-nascido das mãos de Greve e, segurando-o pelos pés, esmagou seu crânio na quina do forno de argila. Depois jogou-o no chão. Greve espumava: “Por que fez isso?!” Ott também berrava: “Você teria feito melhor enterrando-no na barriga da mãe, imbeciloide! Deveria tê-lo deixado tranquilo! Por que o fez sair? Não era suficientemente quente ali?” Girou nos calcanhares e saiu. Greve chorava: “O senhor não devia ter feito isso, o senhor não devia ter feito isso.” Fui atrás de Ott, que vociferava na lama e na chuva diante do Scharführer e alguns homens reunidos. “Ott…”, chamei. Atrás de mim ecoou um chamado: “Untersturmführer!” Olhei: Greve, com as mãos ainda sujas de sangue, saía da isbá com o fuzil apontado. Esquivei-me, ele caminhou na direção de Ott. “Untersturmführer!” Ott virou a cabeça, viu o fuzil e começou a gritar: “Que é, seu veado, que quer ainda? Quer atirar, é isso, vá em frente!” O Scharführer berrava também: “Greve, em nome de Deus, abaixe esse fuzil!” – “O senhor não devia ter feito isso”, gritava Greve, continuando a avançar para Ott. – “Vá em frente, imbecil, atire!” – “Greve, pare imediatamente!”, vociferava o Scharführer. Greve atirou; Ott, atingido na cabeça, voou para trás e caiu numa poça, fazendo um grande estrépito. Greve mantinha o fuzil em posição de mira; todo mundo havia se calado. Só se ouvia a chuva castigando as poças, a lama, os capacetes dos homens, o colmo dos telhados. Greve tremia como uma folha, fuzil no ombro. “Ele não devia ter feito isso”, repetia estupidamente. – “Greve”, eu disse mansamente. Com ar feroz, Greve apontou o fuzil na minha direção. Abri muito lentamente os braços sem dizer nada. Greve voltou a visar o Scharführer com o fuzil. Por sua vez, dois soldados apontavam seus fuzis para Greve. Greve mantinha o fuzil apontado para o Scharführer. Os homens poderiam abatê-lo, mas nesse caso ele decerto também mataria o Scharführer. “Greve”, disse calmamente o Scharführer, “você fez uma grande besteira. Ott era um lixo, tudo bem. Mas você está realmente na merda.” – “Greve”, eu disse. “Abaixe a arma. Caso contrário, vamos ser obrigados a matá-lo. Caso se renda, testemunharei a seu favor.” – “Estou fodido de qualquer maneira”, disse Greve. Não parava de apontar para o Scharführer. “Se o senhor atirar, levo alguém comigo.” Desviou novamente o fuzil na minha direção, bruscamente. A chuva escorria do cano, bem diante dos meus olhos, corria no meu rosto. “Herr Hauptsturmführer!”, chamou o Scharführer. “Concorda que eu resolva isso à minha maneira? Para evitar outras baixas?” Fiz um sinal afirmativo. O Scharführer voltou-se para Greve. “Greve. Dou-lhe cinco minutos. Depois iremos atrás de você.” Greve hesitou. Em seguida abaixou o fuzil e chispou para dentro da floresta.

TRAILER The World's End

o relógio no criado-mudo

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segunda-feira, 6 de maio de 2013

a imortalidade

A imortalidade é uma forma de ditadura da vida sobre a morte. Sendo ditador e vivo só me resta tornar-me imortal. E hei-de sê-lo! Nem que morra para isso!

– J.F.Choublanc (Escritos diversos, Paris 2023)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A BELA EMILIA CLARKE

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A FERA TERENCE STAMP

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1.138 behind the scenes photos of the Star Wars Trilogy

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cinephilia and beyond.

TRECHO Berlim Alexanderplatz

Alfred Döblin

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O ex-presidiário de casaco amarelo de verão, o sujeito grandalhão, andou para trás do sofá, pegou seu chapéu, espanou-o, colocou-o sobre a mesa, tirou seu casaco, tudo em silêncio, desabatoou o coleto: Aqui, olhem, minha calça. Eu era gordo assim e ela ficou larga desse jeito, cabem dois punhos grandes juntos, de tanto passar fome. Foi-se tudo. A pança toda para o diabo. É assim que vem a ruína, porque nem sempre a gente é como deveria ser. NÃO ACREDITO QUE OS OUTROS SEJAM MUITO MELHORES. Nada, não acredito não. Querem é enlouquecer a gente.

O castanho cochichou para o ruivo: Pronto, aí está. Está o quê? Ora, um presidiário. E daí? O egresso: Aí dizem: a gente está livre e vai preso de novo  no meio da sujeira e ainda a mesma sujeira de antes. Não há razão alguma para rir. Voltou a abotoar o colete: Estão vendo o que fizeram. .. É, será que não somos nada só porque fizemos algo errado? Todos podem se erguer de novo, todos que cumpriram pena e podem ter feito o que for (Arrepender-se o quê! É preciso desafogar-se! Sair batendo! Depois tudo fica para trás, depois tudo pasa, o medo e o resto)… Meu ome é Biberkopf, Franz. Bonito de sua parte ter me acolhido.Meu passarinho já cantou no pátio. Ora, viva, tudo vai passar. Os dois judeus lhe apertaram a mão, sorriam. O ruivo reteve sua mão por um tempo, radiante: Ora,o cavalheiro está mesmo melhor ? E será um prazer, se o cavalheiro tiver tempo, passe por aqui. Obrigado, farei isso, tempo é fácil de achar, só dinheiro é que não…. Acompanharamo homem até a porta… O ex-presidiário, caminhando ereto, sacudiu a cabeça, balançou os braços no ar (a gente precisa de ar, ar, muito ar, e mais nada)~: Não se preocupem. Podem me deixar seguir adiante, fiquem tranquilos. O senhor falou sobre os pés e os olhos. Esses ainda tenho. Ainda não foram arrancados por ninguém… E lá se foi caminhando sobre o pátio estreito, atulhado, os dois ficaram olhando para ele do alto da escada. Tinha o chapéu-coco enterrado sobre o rosto, resmungou quando meteu o pé numa poça de óleo: Droga de veneno. É hora dum conhaque. Quem se aproximar vai levar um soco na cara. Vamos ver onde se consegue um conhaque…

monte de leituras.

FRAMES Ninkyo Gaiden: Genkai Nada

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sangreyakuza.