terça-feira, 31 de janeiro de 2012

COSPLAY GIRLS

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HOMEM-ARANHA ZUMBI

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POSTER gozu

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O surrealismo louco de Takashi Miike não é menos que transgressivo, é no mínimo perturbador e fascinante.

EM MEMÓRIA DE AL RIO

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ALICE E O GATO

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Alice: Would you tell me, please, which way I ought to go from here?
The Cat: That depends a good deal on where you want to get to
Alice: I don’t much care where.
The Cat: Then it doesn’t much matter which way you go.
Alice: …so long as I get somewhere.
The Cat: Oh, you’re sure to do that, if only you walk long enough.

Lewis Carrol, Alice in wonderland.

CONTO dagon

Howard Philip Lovecraft

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Escrevo isso debaixo de uma tensão mental considerável já que esta noite poderei não estar mais vivo. Sem um centavo e no final de meu suprimento da droga que, só ela, consegue tornar minha vida tolerável, já não consigo suportar a tortura e irei atirar-me dessa janela de sótão na rua esquálida lá em baixo. Não pensem que minha dependência da morfina tenha-me tornado um fraco ou degenerado. Quando houverem lido estas páginas rabiscadas às pressas, poderão imaginar, mesmo sem nunca perceber plenamente, por que preciso do olvido ou da morte.

Foi num dos trechos mais abertos e pouco freqüentados do vasto Pacífico que o paquete onde eu era comissário de bordo foi capturado pelo vaso de guerra alemão. A grande guerra estava, então, em seu início, e as forças marítimas do bárbaro ainda não haviam mergulhado por completo em sua posterior degradação. Sendo assim, nossa embarcação foi tomada como legítima presa, enquanto nós, membros de sua tripulação, fomos tratados com toda a eqüidade e consideração que nos eram devidas como prisioneiros navais. Era tão liberal, de fato, a disciplina de nossos captores, que cinco dias depois de nos tomarem, consegui escapar, sozinho, num pequeno barco equipado com água e provisões para muito tempo.

Quando enfim me vi livre e à deriva, não tinha muita noção de minha localização. Como nunca havia sido um navegador experiente, eu só podia imaginar, vagamente, pelo sol e as estrelas, que estava um pouco ao sul do Equador. Da latitude eu nada sabia, e não havia ilha nem linha costeira à vista. O tempo manteve-se firme e durante dias sem conta eu vaguei sem destino debaixo de um sol escaldante, esperando a passagem de algum navio ou ser atirado às praias de alguma terra habitável. Mas não surgiu navio nem terra e comecei a me desesperar em minha solidão sobre a ondulante vastidão de interminável azul.

A mudança aconteceu enquanto eu dormia. Seus detalhes eu jamais saberei, pois, embora agitado e povoado de sonhos, tive um sono contínuo. Quando afinal despertei, descobri-me meio tragado pela extensão lamacenta de um infernal lodo negro que se estendia à minha volta em monótonas ondula­ções até onde minha vista alcançava e onde, a certa distância, estava enterrado meu barco.

Embora se possa perfeitamente imaginar que minha pri­meira sensação seria de espanto com uma transformação tão prodigiosa e inesperada de cenário, eu, na verdade, fiquei mais horrorizado do que espantado, pois havia no ar e no solo putrefato um caráter sinistro que me arrepiou até o âmago de meu ser. A região toda fedia com as carcaças de peixes apodrecidos e outras coisas menos descritíveis que eu vi projetadas da lama abjeta da interminável planície. Talvez eu não devesse esperar transmitir em meras palavras a indizível repugnância que pode existir num silêncio absoluto e numa imensidão estéril. Não havia nada ao alcance do ouvido e da visão, salvo uma vasta extensão de lodo preto, mas ainda as­sim o caráter absoluto do silêncio e a homogeneidade da pai­sagem me oprimiram com um medo nauseante.

O sol ardia no alto de um céu sem nuvens que me parecia quase negro em sua impiedade, como se refletisse o pântano escuro que tinha embaixo de meus pés. Arrastando-me para dentro do barco encalhado, percebi que apenas uma teoria poderia explicar minha situação: por algum tipo de erupção vulcânica sem precedentes, parte do leito do oceano devia ter sido impelida para a superfície, expondo regiões que durante incontáveis milhões de anos ficaram submersas debaixo de profundezas aquáticas imensuráveis. Era tão grande a extensão da nova terra que se elevara por baixo de mim, que não consegui captar o mais tênue ruído do oceano, por mais que forçasse os ouvidos. Também não havia qualquer ave marinha para pilhar as coisas mortas.

Durante muitas horas, eu fiquei sentado, pensando e ruminando, no barco que estava caído de lado e produzia um pouco de sombra à medida que o sol ia seguindo seu curso no céu. Com o avanço do dia, o chão foi ficando menos pegajoso, indicando que ficaria seco o bastante para permitir que se andasse sobre ele dentro de pouco tempo. Dormi muito pouco naquela noite e, no dia seguinte, preparei um farnel com água e comida para uma excursão terrestre em busca do mar desaparecido e de um possível resgate.

Na terceira manhã, verifiquei que o solo já estava bem seco e permitiria que se caminhasse sem problemas sobre ele. O cheiro de peixe era enlouquecedor, mas eu estava concentrado demais em coisas mais sérias para me impor­tar com desgraça tão pequena, e parti ousadamente para um destino incerto. Caminhei a duras penas durante o dia todo na direção oeste, guiado por um outeiro distante que se destacava em altura dos outros que existiam no deserto acidentado. Acampei naquela noite, e, no dia seguinte, se­gui avançando para o outeiro, embora aquele objeto pare­cesse estar pouca coisa mais perto do que da primeira vez em que o vira. Na quarta noite, atingi a base do monte, que se mostrou muito mais alto do que parecera à distância. Um vale interposto destacava seu perfil da superfície geral. Exausto demais para subir, dormi à sombra da colina.

Não entendo por que meus sonhos foram tão agitados na­quela noite, mas, antes da curva fantasticamente acentuada da lua minguante ter-se erguido muito alto acima do lado oriental da planície, acordei suando frio, decidido a não me deixar ador­mecer de novo. As visões como as que havia tido eram demais para suportá-las de novo. E sob o brilho do luar, percebi como foram insensatas as minhas caminhadas diurnas. Sem o ardor do sol escaldante, minha jornada teria-me custado menos energia. Agora, enfim, eu me sentia perfeitamente capaz de realizar a escalada que me havia intimidado ao entardecer. Apanhei então o farnel e encaminhei-me para a crista da ele­vação.

Já tive a oportunidade de mencionar que a monotonia cons­tante da planície ondulada era-me uma fonte de impreciso horror, mas creio que meu horror ficou maior quando alcancei o cume do monte e olhei para o outro lado, para um imenso vale ou canhão cujos recessos negros a lua ainda não se havia erguido o suficiente para iluminar. Senti-me no limiar do mundo, olhando, por sobre a borda, para um caos insondável de escuridão perpétua. Em meio a meu terror, perpassaram curiosas reminiscências do “Paraíso Perdido¹” e da tenebrosa ascensão de Satã pelos reinos informes das trevas.

À medida que a Lua foi subindo no céu, pude notar que as encostas do vale não eram tão perpendiculares quanto eu imaginara. Saliências e afloramentos de rocha forneciam apoios perfeitos para uma descida, além de que, cerca de trinta metros abaixo, o declive tornava-se bastante ameno. Impelido por um impulso que não consigo precisar, fui descendo com dificuldade pelas rochas até parar na encosta menos íngreme abaixo, de onde fitei as profundezas estígias onde nenhuma luz jamais penetrara.

De repente, minha atenção foi atraída por um objeto enor­me e singular na vertente oposta erguendo-se abruptamente a cerca de cem jardas à minha frente, um objeto de brilho esbranquiçado sob os raios da Lua ascendente. De início, imaginei que se tratasse de uma simples rocha gigantesca, mas estava pouco consciente de que seu contorno e sua posição não eram uma obra puramente natural. Um exame mais de perto encheu-me de sensações que não consigo exprimir, pois, apesar de seu tamanho imenso e sua posição num abismo que ficara escondido no fundo do mar desde a juventude do mundo, percebi que o estranho objeto era um monolito bem moldado cujo vulto maciço havia conhecido o artesanato humano e, talvez, a adoração de criaturas vivas e pensantes.

Pasmo e assustado, mas não sem um certo frêmito de prazer do cientista ou do arqueólogo, examinei com maior atenção o meu entorno. A Lua, agora perto do zênite, bri­lhava intensamente, misteriosamente, sobre os penhascos abissais que ladeavam o abismo, revelando um extenso curso d’água que corria sinuoso em seu fundo até se perder de vista em ambas as direções e quase lambia meus pés enquanto eu estava ali, parado, na encosta. Do outro lado do vale, as leves ondulações da água roçavam a base do ciclópeo monolito, sobre cuja superfície eu podia agora distinguir inscrições e entalhes toscos. A escrita estava em um sistema de hieróglifos que eu não conhecia e que era diferente de tudo que eu já vira em livros, consistindo, em sua maior parte, de símbolos aquáticos estilizados como peixes, enguias, polvos, crustáceos, moluscos, baleias, coisas assim. Era patente que diversos caracteres representavam coisas marinhas desconhecidas do mundo moderno, mas cujas formas, em decomposição, eu havia observado na planície erguida do oceano.

Foram os entalhes decorativos, porém, que mais me extasiaram. Havia um arranjo de baixos-relevos, bem visível acima da água interposta por conta de seu enorme tamanho, cuja temática teria provocado a inveja de Doré. Imagino que aquelas coisas deviam supostamente ilustrar pessoas — ao menos um certo tipo de pessoas, embora as criaturas fossem mostradas divertindo-se como peixes nas águas de alguma gruta marinha ou venerando algum santuário em forma de monolito também ao que tudo indica submerso. De seus rostos e formas, não ouso falar com detalhes; sua mera lembrança me deixa aturdido. De um grotesco além da imaginação de um Poe ou de um Bulwer, tinham um perfil infernalmente humano apesar das mãos e pés palmados, dos lábios chocantemente largos e flácidos, dos olhos saltados e vítreos, e outras feições ainda menos agradáveis de se lembrar. O curioso é que pareciam ter sido cinzelados muito fora de proporção em relação ao cenário de fundo, pois uma das criaturas era mostrada no ato de matar uma baleia representada com um tamanho um pouco maior do que o seu, mas naquele momento eu achei que eram apenas os deuses imaginários de alguma tribo primitiva, navegante e pescadora, alguma tribo cujos derradeiros descendentes teriam perecido muitas eras antes do primeiro ancestral do Homem de Piltdown ou de Neanderthal haver nascido. Extasiado diante daquele inesperado vislumbre de um passado além da imaginação do mais ousado antropólogo, fiquei ali cismando enquanto a Lua provocava curiosos reflexos no plácido canal à minha frente.

Então, de repente, eu a vi. Com uma leve agitação para indicar sua subida à superfície, a coisa emergiu para fora das águas escuras. Enorme, polifêmica e repugnante, ela disparou como o monstro fabuloso de um pesadelo para o monolito, ao redor do qual arrojou seus gigantescos braços escamosos enquanto inclinava a cabeça horripilante, produzindo sons ritmados. Pensei ter enlouquecido, então.

De minha subida frenética da encosta e do penhasco, de minha delirante jornada de volta para o barco encalhado, pouco me recordo. Creio que cantei muito e ri como louco quando era incapaz de cantar. Tenho vagas recordações de uma grande tempestade algum tempo depois de alcançar o barco. De qualquer forma, sei que ouvi o ribombar de trovões e outros ruídos que a natureza produz somente em seus humores mais terríveis.

Quando sai das trevas, estava num hospital de San Francis­co, para onde fora levado pelo capitão de um navio americano que recolhera meu barco no meio do oceano. Em meu delírio, falei muito, mas descobri que não deram muita atenção às minhas palavras. Meus salvadores não sabiam nada a respeito de alguma terra que houvesse aflorado no Pacífico, e eu não julguei necessário insistir em algo em que sabia que eles não poderiam acreditar. Procurei certa vez um famoso etnólogo e o diverti com perguntas curiosas sobre a antiga lenda filistina de Dagon, o Deus-Peixe, mas, percebendo logo que ele era um racionalista incorrigível, não insisti nas perguntas.

É durante a noite, especialmente quando a lua está muito curva e minguante, que eu vejo a coisa. Tentei a morfina, mas a droga deu-me apenas um alívio temporário e arrastou-me para suas garras como um escravo sem esperança. Sim, tendo escrito um relato completo para a informação ou a desdenhosa diversão de meus semelhantes, agora pretendo acabar com tudo. Muitas vezes me pergunto se tudo não teria passado de pura fantasmagoria — uma simples fantasia febril enquanto eu jazia, castigado pelo sol e delirante, naquele barco descoberto depois de minha fuga do vaso de guerra alemão. Isso eu me pergunto, mas sempre me vem uma visão terrivelmente pavorosa em res­posta. Não consigo pensar no mar profundo sem estremecer com as coisas inomináveis que podem, neste exato momento, estar arrastando-se e espojando-se em seu leito lamacento, adorando seus antigos ídolos de pedra e cinzelando à sua própria e detestável semelhança em obeliscos submarinos de granito encharcado. Sonho com o dia em que elas poderão ascender acima dos vagalhões para arrastar para o fundo, com suas garras fétidas, os remanescentes de uma humanidade debilitada, exau­rida pela guerra — o dia em que a terra poderia afundar e o escuro leito do oceano erguer-se em meio a um pandemônio universal.

O fim está próximo. Ouço um ruído à porta, como se um imenso corpo viscoso a estivesse forçando. Ela não me encon­trará. Deus, aquela mão! A janela! A janela!

A irmandade.

GAROTA NERD batgirl

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FRAME Thriller: A Cruel Picture

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NOSFERATU

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No traço de Suehiro Maruo.

domingo, 29 de janeiro de 2012

a bullet right between the eyes

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“Let us say that I am a disillusioned socialist. To the point of becoming an anarchist.  But because I have a conscience, I’m a moderate anarchist who doesn’t go about throwing bombs. I mean, I’ve experienced just about all the untruths there are in life. So what remains in the end? The family. Which is the final archetype - handed down from prehistory.

What else is there? Friendship. And that is all. I’m a pessimist by nature. With John Ford, people look out of the window with hope. Me, I show people who are scared to even open the door. And if they do, they tend to get a bullet right between the eyes. But that’s how it is.”

-Sergio Leone

POSTER zardoz

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Como não gostar de um filme que faz um amálgama de bárbaros, telepatas, imortais e o Mágico de Oz? Ficção científica com ecos 1970’s: simplesmente as melhores.

FRAMES operação dragão

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GAROTA NERD lendo hulk

comics reader

sábado, 28 de janeiro de 2012

LOBO SOLITÁRIO E FILHOTE

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Um dos maiores épicos samurais – do mangá, da tv e do cinema.

BELAS DO ORIENTE

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DOWNLOAD kill list

Kill-List

Filme estranho, com uma atmosfera que vai do drama familiar ao suspense policial e ao terror puro 1970’s. Para ver, clique na imagem e não se esqueça de agradecer ao pessoal do Filmes Morrison.

POSTER Womans Tongue

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FRAME crash

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Me excitam essas sensualidades perversas em filmes instigantes… vislumbres maravilhosos não apenas da alma, mas sobretudo da carne humana.

 

FRAME taxi driver

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Me entusiasmam os finais sangrentos… aquele clímax pintado de vermelho que espirra.

CONTO Calor

Luiz Vilela

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Calor, muito calor ainda — o sol batendo na parede do quarto —, mas ele agora sentia-se melhor.
— Você aqui é como uma brisa...
Ela sorriu, alegre e bonitinha nos seus quinze anos.
— Mais cedo eu tive a visita de uma amiga — ele contou, a cama com a cabeceira erguida: — mas ela é tão feia, tão feia que o meu quadro de saúde até piorou.
Ela riu.
— Quem, tio?...
— Não, isso eu não posso te contar — Por quê?
— Você conta pros outros...
— Juro que eu não conto.
— Só posso te contar isso: que ela é tão feia, que eu quase piorei; quase tive de tomar uma injeção.
Ela deu uma risada.
— Pois é — ele disse; — é isso. Eu estava assim. Mas a. você chegou, e aí eu melhorei; agora eu estou bem...
Sentada numa das três cadeiras do quarto, ela, de shortinho, cruzou as pernas; depois jogou para trás os longos e lisos cabelos castanhos.
— Eu queria vir ontem à tarde — ela disse; — mas a minha professora de inglês trocou o horário, e aí...
— Foi melhor — ele disse, — melhor você ter vindo hoje: ontem eu estava ruim, estava sentindo muita dor ainda.
— Mas a operação correu bem...
— Correu; correu tudo bem, felizmente.
— E o corte, foi grande?
— O corte? Uns... Alguns centímetros. Você quer ver? Você está pensando em ser médica...
— É, eu estou pensando...
Ela se levantou e se aproximou da cama.
Ele, de peito nu, afastou o lençol; depois empurrou um pouco a cueca e...
— Ôp! — cobriu rápido; — o passarinho querendo fugir...
Ela riu.
— Aqui — ele mostrou: — o corte vai daqui ate aqui...
Ela ficou olhando — as tiras de esparadrapo sobre a gaze, a pele vermelha de merthiolate.
— É grande, não é? — ele disse.
Ela balançou a cabeça, concordando
Voltou então a sentar—se.
Os dois calados. Uma tosse de velho lá no fim do corredor.
— Fui te mostrar uma coisa — ele disse, — e você acabou vendo outra...
— Eu? — ela disse. — Eu não vi nada.
— Não?...
— Você cobriu!
— Ah...
— Por que você cobriu?
— Por quê?...
Ela riu:
— Estou brincando, hem tio? Não vai achar que eu...
— Bom — ele disse: — se você quer ver de novo...
— Eu não! — ela disse, olhando assustada para o corredor.
— Não?...
— Não.
— Por quê?
— Por quê?...
Ela riu, mas não respondeu.
— Hum?
— Pra você depois contar pros seus amigos, né?...
— Contar pros meus amigos?...
— Claro — ela disse. — Lá no bar, lá na sua rodinha, depois de tomar umas tantas, você vai dizer: "Sabem aquela minha sobrinha, a Daniela?...”
— Não, não vou falar isso não; não vou falar pra ninguém.
— Sei...
— Palavra de honra.
— Acredito muito...
— Eu prometo. Só nós dois saberemos. Será um segredo nosso: até a morte.
— Hum... Muito bonito...
— Juro. Pode acreditar em mim.
— Você não quis acreditar em mim...
— Eu?
— Agora há pouco.
— Mas aquilo era uma coisa à toa.
— E isso?
— Isso? Bom, isso...
— Hum; o que é isso?
— Eu acho que isso é uma coisa bonita, uma coisa entre um homem e uma mulher; entre um adulto e uma jovem; uma coisa entre um tio e uma sobrinha que se querem.
— Eu, pelo menos...
— Eu também, Daniela; eu também te quero; quero muito, você pode ter certeza.
— Você é o meu tio mais legal, o único de cabeça aberta, o mico com quem dá pra conversar.
— Obrigado...
— Se fossem os outros... Se fossem os outros, eu nem tinha vindo aqui.
— É?
— Tio Breno, por exemplo: Tio Breno mal me cumprimenta; como se eu não existisse. Tio Jerônimo de vez em quando ainda dá umas prosas, mas eu acho que a única coisa no mundo que interessa para ele é boi; ele só fala em boi, e agora na falta de chuva: que se não chover dentro de poucos dias, ele vai perder não sei quantas cabeças de gado e que... Ele só fala nisso. Eu acho que ele nem dorme, pensando nos bois dele...
Ele riu.
— Já a Tia Zilda... Tia Zilda é aquela fera. Ela vive no meu pé. Agora ela deu pra implicar com os meus shortinhos: "Por que essa menina não anda pelada de uma vez?..."
— Ótimo .
— Ótimo?... — ela riu. — Quê que é ótimo?...
— A Zilda falar assim.
— Ah...
— Agora, você andar pelada... Sinceramente: se de shortinho já é isso que a gente vê, pelada...
— Tio...
Ele riu.
— Você está com febre?... — ela perguntou.
— Não...
— Então é o calor.
— Quem sabe?
— Eu nunca te vi assim...
Uma enfermeira passou, em direção ao fundo, e deu uma olhada para dentro do quarto.
A tosse do velho. Um bebê chorando. Vozes. De novo o silêncio.
— Bom, mas então. — ele disse; — quer dizer que você não quer mesmo...
— O quê?
— Ver; ver de novo...
— Não.
— Então tá; fim de papo...
Ela curvou—se para amarrar melhor o cadarço. Depois ergueu o pé, mostrando para ele:
— Que tal? Gostou do meu tênis?
— Gostei. E você, gostou do meu pênis?
— Tio!... — ela disse, se levantando e pondo a mão na boca.
— É só pra fazer um trocadilho...
— Você hoje está impossível, hem?
— Eu não ia perder a oportunidade de fazer esse trocadilho...
— Você hoje... você está precisando de umas palmadas, viu?
— Dá, dá as palmadas; suas palmadas seriam como... seriam como uma chuva de plumas em meu corpo.
— Uai: você agora virou poeta?
Ele riu.
— Você hoje está um perigo...
— Eu?... Que perigo pode ter um homem preso numa cama de hospital?...
— Hum... Muito perigo!...
Ele tornou a rir.
— Você... — ela disse, se abanando com as mãos, os seios saltitando soltos sob a blusa.
A enfermeira passou de volta, sem olhar para o quarto.
— Bom, mas então... — ele disse; — quer dizer que o nosso assunto está mesmo encerrado...
— Que assunto?
— O nosso assunto...
— Está.
— Encerrado?...
— Está.
— Definitivamente?...
— Definitivamente.
— É... — ele disse; — é uma pena...
— Pois é...
Ela então andou devagar até a cama, encostando-se na beirada — as coxas bronzeadas de sol.
Passou a mão de leve no braço dele:
— Tio Leo, Tio Leo...
— O quê
— Não acredite em tudo que eu falo, tá?...
— Não?...
Ela negou com a cabeça.
— Quer dizer que...
Ela sacudiu a cabeça.
— Ótimo... — ele disse.
Olhou pela porta aberta, em direção ao corredor; ela também olhou.
Então ele encolheu as pernas, fazendo com elas uma parede: afastou o lençol, e depois...
— Nossa! — ela disse. — Tio!...
— Pega.
— Pode?...
— Você me daria a maior felicidade.
— Mesmo?...
— Eu seria o homem mais feliz do mundo.
Ela olhou para o corredor
— Está com medo? — ele perguntou.
— Não; eu...
— Pega.
Ela parada.
— Você não quer?
— Quero, mas...
De repente ela puxou o lençol sobre ele.
— Quê que foi?...
— Nada — ela disse, nervosa; — eu que... Desculpe, tio...
— Tudo bem...
Ela foi até a janela e ficou, meio de costas, olhando para baixo.
Da rua, quase sem barulho, veio a buzina de um picolezeiro.
Ela deu um suspiro fundo:
— Tem dia que eu tenho vontade de morrer...
— Por quê?
— Viver é complicado demais...
— É assim mesmo — ele disse.
Ela tornou a sentar-se, as mãos apoiadas nas coxas, o olhar fixo no chão e os cabelos quase cobrindo o rosto.
— Acho que eu já vou...
— Embora?
— É...
— Por quê?
— Eu preciso...
— Fica mais.
— Não posso...
— Fica...
Ela olhou para ele — e de novo para o chão:
— Eu não vou fazer mais nada — disse, com languidez;se é isso...
— Não, não é isso.
— Acho que a gente não devia ter feito o que a gente fez...
— A gente não fez nada!
— Não sei quê que me deu na hora... Às vezes acho que eu não bato bem...
Ele ficou em silêncio.
— Eu...
— Está bem, Daniela — ele disse, ajeitando-se um pouco na cama e depois puxando o lençol até o peito.
— Eu sou uma criança ainda, tio...
Ele sacudiu a cabeça.
— Meu corpo pode não ser mais de criança, mas eu ainda sou uma criança, entende? Eu sou muito inexperiente; eu não sei nada da vida, nada...
— Esqueça o que houve; você esquece, e eu também esqueço. Tá?
— Eu sou uma menina bem-comportada; eu não sou como algumas amigas minhas, algumas que já vão até em motel e...
Ela se calou.
O sol já sumira do quarto, e o calor diminuíra; em breve começaria o crepúsculo.
Ela se levantou:
— Eu já vou: às vezes amanhã, depois da aula, eu dou uma passadinha aqui.
— É melhor você não passar.
— É? — o espanto no rosto. — Então eu não passo.
— Eu acho que...
— Tiau — ela disse, e saiu do quarto.
Ele ficou algum tempo olhando para o corredor.
Depois, estirou as pernas — devagar, para não doer —, estendeu os braços ao longo do tronco e respirou fundo:
— Merda — disse.
Fechou então os olhos, para dormir um pouco. Mas, de súbito, quase num susto, abriu-os: ela estava ao pé da cama, olhando para ele — os olhos vermelhos.
— O que houve?...
— Eu voltei.
— Eu estou vendo.
— Você foi muito rude.
— Rude?...
— Você me magoou muito.
— Eu?..
— Eu vim aqui te fazer uma visita...
Uma lágrima deslizou pelo rosto.
— Eu vim aqui pra...
Limpou com o dedo outra lágrima.
— Eu sei, Daniela, eu compreendo; eu gostei muito de você ter vindo.
— Gostou... Gostou, mas...
— Sabe?... Eu vou te dizer: essa cirurgia, as dores, as injeções, o soro, ficar o dia inteiro nessa cama sem poder mexer direito e, ainda por cima, nesse calor horroroso, tudo isso perturba muito a gente, Daniela...
Ela escutando.
— Tudo isso faz com que... E então... Sabe? É horrível, principalmente passar horas inteiras sozinho nesse quarto, olhando para essas paredes brancas; isso é o pior de tudo. E era por isso que eu queria que você ficasse mais; era por isso...
— Eu fico — ela disse.
— Fica?... Você fica mais?...
Ela balançou a cabeça.
— Que bom...
— Mas tem uma condição — ela disse
— Eu já te falei que é pra esquecer isso, não falei?
— Não, minha condição não é essa...
— Não? Qual que é a condição?
Ela fez uma cara de mistério; deu meia-volta, andou até a porta e afastou com o pé a trava no chão; depois fechou a porta e girou a chave.
Então voltou-se: olhou para ele e sorriu.
— Sabe — ele disse. — Sabe de uma coisa? Você é uma menina surpreendente.
— E bem-comportada; esqueceu?...

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Illustration from Paul Verlaine’s Trilogie érotique by Martin van Maele, 1907.

DEATH BECOMES HER

A FERA Anthony Burgess

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Simplesmente o autor de Laranja Mecânica, Poderes Terrenos, As Últimas Notícias do Mundo…

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

DOWNLOAD sandman – teatro do mistério

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Acompanhe as aventuras de Wesley Doods. Pulp da melhor qualidade. Para ver, clique na imagem e não se esqueça de agradecer ao pessoal do Gibiscuits.

CROM!

Conan

Crom, eu nunca rezei pra você antes. Eu não tenho jeito pra isso. Ninguém, nem mesmo você, vai lembrar se fomos bons ou maus, porque lutamos ou porque morremos. Não. Tudo que importa é que dois enfrentarão muitos, isso é o que importa. Satisfaça-se com isso Crom, e atenda a um pedido meu: Conceda-me a vingança! Mas se não me atender, então vá pro inferno!

- Conan, o bárbaro

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

masochist!

Listen, when you’re giving pain to someone, don’t think about the pain that person is feeling. Just concentrate on how good it feels to be causing someone pain. That’s the best thing you can do for a true masochist!

— Kakihara, Ichi the Killer

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Bird People In China

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A poesia de Takashi Miike.

FRASES Ghost World

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“I think only stupid people have good relationships.”

If we don’t, remember me.

FRAMES kagemusha

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DOWNLOAD lady vingança

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Significado de Vingança

subst. f.
1. ato para castigar alguém em retorno; retaliação contra uma ou mais pessoas em resposta a um ou mais atos lesivos. Normalmente o objetivo é causar sofrimento ou consciencializar o que ofendeu do mal que causou ou garantir que o abusador/agressor não volte a repetir o feito. A vingança também pode assumir um carácter cruel quando é desproporcional ao ato causado e movida por instintos vis e sádicos.

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TRAILER voz da lua