Luis Buñuel
Detesto a proliferação de informação. A leitura de um jornal é a coisa mais angustiante do mundo. Se fosse ditador, limitaria a imprensa a um único diário e a uma única revista, ambos estritamente censurados. Tal censura só se aplicaria à informação, a opinião permaneceria livre.
Detesto o pedantismo e o jargão. Aconteceu-me de rir até às lágrimas ao ler alguns artigos de Cahiers du Cinéma. Na Cidade do México, designado presidente honorário do Centro de Capacitación Cinematográfica, alta escola de cinema, um dia sou convidado para conhecer as instalações. Apresentam-me a quatro ou cinco professores. Entre estes, um rapaz corretamente vestido e ruborizando de timidez. Pergunto-lhe o que ensina. Ele me responde: "Semiologia da imagem clônica". Poderia matá-lo.
Tenho horror à multidão. Chamo de multidão toda reunião de mais de seis pessoas.
Gosto da pontualidade. A bem da verdade isso é até uma mania. Não me lembro de ter chegado atrasado uma única vez em minha vida. Se estou adiantado, ando de um lado para o outro em frente à porta em que devo bater, esperando que chegue o momento exato.
Gosto muito das manias. Cultivo algumas, às quais me refiro aqui e ali. As manias podem ajudar a viver. Deploro os homens que não as têm.
Gosto da solidão, contanto que um amigo venha ver-me de quando em quando.
Não gosto dos donos da verdade, quaisquer que sejam eles. Assustam-me e me entediam. Sou antifanático (fanaticamente).
Gosto da regularidade e dos lugares que conheço.
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