por josé marcelo da silva
Ela largou a faca e ficou olhando o quadro – o cavalo morrendo na lama, a criança gritando – pendurado no canto da sala. Ela pegou a faca e foi até o quadro e esfaqueou o quadro, a criança, não o cavalo. Ainda era uma coisa boa em si, pensou.
Ela ligou para a polícia, disse Silêncio para o homem curvado
sobre a mesa, depois disse Eu gostaria de denunciar uma morte. Respondeu uma
outra pergunta e desligou.
Pensou que um chá seria bom e colocou água para ferver. Enquanto
o homem continuava a gemer e sangrar, ela tomou seu chá. Levou um breve susto
quando a cadeira dele tombou. Ele tentava arrastar-se, mas estava fraco demais.
Sangue demais se perdera. Mas aparentemente não o bastante.
Terminou o chá e pegou a faca e foi até o homem e começou a
esfaquear a carne: a nuca e o pescoço e as costas e a bunda e as pernas. Deve ter
sido umas quarenta facadas ou mais antes de a polícia arrombar a porta.
Quando eles entraram na cozinha, ela estava sentada ao lado do
corpo e largara a faca.
Meu Deus, disse um dos pms.
Está tudo bem, respondeu ela. Ainda gosto de animais. Ela
estava pensando no quadro.
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