José Marcelo
As pessoas são estúpidas. Porque são acomodadas. Porque são preguiçosas. Têm desculpa para tudo e para não fazer nada. É. Todo mundo sabe disso. Nenhuma novidade e foda-se a humanidade. Foda-se. Esqueça isso. Não é nada. Mal e mau humor de segunda-feira. Vamos falar de coisas mais agradáveis…
Ele largou o notebook sobre a cama, foi ao banheiro, onde deu uma longa e prazerosa mijada. Olhou-se no espelho. Estava ficando barrigudo. Estava ficando velho. Estava puto e não tinha certeza sobre o quê. Que dia melhor pra ficar puto, pensou. Maldita segunda-feira. Bateram na porta. Pensou em fingir que não havia ninguém em casa. Depois pensou melhor. Foi atender. Era Mariana. Ela estava linda. Ela foi logo entrando.
__ Ainda não tá pronto? __ ela disse.
__ Não __ respondeu ele, sentando-se no sofá. __ Eu não vou.
__ Claro que vai.
__ Não, não vou.
__ O que foi agora? __ Mariana cruzou os braços e olhou-o como se ele fosse uma criança birrenta.
__ Estou pensando em escrever um livro de auto-ajuda, mas ao contrário. Um que jogue na cara das pessoas o quanto elas são estúpidas. Um que demonstre que as pessoas não têm conserto. Nem final feliz. Shakespeare disse ou escreveu que no final tudo acaba bem. Porra, no final tem a morte. Nada acaba bem. Acaba em podridão.
__ Elas sabem disso.
__ Sabem, mas não admitem.
__ Tem certeza? Tem certeza que não vai?
__ Tenho.
__ Então também não vou.
__ Não por mim, espero.
__ Não seja vaidoso. Claro que não. Aquela festa vai ser uma merda mesmo. Quero que veja uma coisa.
Mariana ergueu a saia e tirou a calcinha, deixando ver uma pelugem rara entre as pernas.
__ Eu não me depilo a pelo menos uma semana, então não enche. Vem cá __ disse ela, sentando-se no sofá menor e erguendo e abrindo as pernas. Com os dedos, ela puxou os lábios entre as pernas e abriu-se delicadamente. __ Tá vendo? Não fica de pau duro. Eu não vou dar pra você. Quero que olhe com cuidado. Tá vendo?
__ O que eu tenho que ver, além do óbvio? __ Então ele viu. __ Caramba. Quando você fez isso?
__ Fiz o quê? Eu não fiz nada. Acordei assim hoje. Fui me masturbar hoje pela manhã e quando me toquei, senti isso.
__ Você é virgem de novo.
__ Sou. Pode isso? Com mais de trinta e pura como uma menininha?
Mariana passou o dedo de leve por sua virgindade, como se ainda não acreditasse, depois tornou a vestir-se.
__ Já contou pro namorado? __ perguntou ele.
__ Não. Nem sei se vou contar __ disse ela, erguendo a calcinha.
__ Ele vai perceber.
__ Não se eu me livrar disso antes.
__ E como você vai fazer isso?
__ Como você acha? __ Ela o olhou como se ele fosse o maior estúpido entre os estúpidos.
__ Pergunta estúpida.
__ É. Pergunta estúpida.
Agora Mariana o olhava com uma expressão safada no rosto.
__ Você disse que não ia dar pra mim __ disse ele.
__ Me ocorreu que é o melhor a fazer no momento. Além do mais você anda muito mal humorado. Anda precisando de uma boa trepada. E eu não quero ter que explicar ao meu namorado como fiquei virgem de novo. O que, aliás, não tenho nem idéia de como veio a acontecer.
__ É, entendo, ia ser difícil explicar isso praquele tapado.
__ Já disse que não gosto quando você fala assim dele, então não estraga o clima.
__ Desculpe. Quer fazer aqui ou na cama?
__ Na cama, claro, não é todo dia que uma garota perde a virgindade.
Mariana foi na frente, despindo-se e largando peças de roupa pelo caminho. Ele também tirou a roupa antes de chegar na cama. Mariana colocou o notebook no chão e ambos deitaram-se na cama.
Ela tinha um cheiro bom, ele pensou. Como algo puro. Algo intocado. Algo que ainda não se perdera. Ele sentiu-se tocando-a, beijando-a.
__ Com cuidado __ disse Mariana. __ A-ai, com cuidado, cuidado. Não me machuque.
Ele pensou, eu nunca faria isso. Então ele lembrou-se do dia em que a levara a uma festa, haviam acabado de se conhecer, e Mariana o largou para transar com um rapaz muito bonito que a seduzira facilmente, apenas com sorrisos perfeitos e olhares pouco discretos, e depois ainda voltara satisfeita e lhe dissera, me leva para casa?, como se ele fosse apenas isso, um motorista, nada mais que um serviçal para ela. Ele lembrou-se disso e de-repente estava com raiva dela, queria faze-la sofrer, vingar-se dela.
__ Mariana, por que eu faria isso? __ disse ele, e apertou a boca dela e pressionou seu corpo sobre o dela, dizendo: __ Por que eu faria isso? Por que eu faria isso, Mariana?
Ele viu a surpresa e o terror nos olhos de Mariana, olhos assustados entre seus dedos. Ele forçou seu peso sobre ela e forçou-a a abrir as pernas e então ela começou a debater-se e mordeu sua mão, fazendo-o sangrar e parar por um instante. Ele esmurrou-a e sentiu o osso do nariz partir-se sob seu punho. Mariana gemeu de dor. Ela estava chorando agora. E ele enfiou o pau de uma vez dentro dela, uma única estocada que a fez quase gritar.
__ Pronto __ disse ele. __ Agora você não é mais virgem.
Ele enfiou-se nela cada vez mais rapidamente e ficou surpreso quando Mariana gozou. Então saiu de dentro dela e começou a rir.
__ Agora, você vai me chupar __ disse ele.
Mariana encolheu-se. __ Não, não vou, não vou.
__ Você vai, se não quiser apanhar mais.
Mariana colocou-o na boca. Ele gozou quase imediatamente, segurando a cabeça dela e fazendo-a engasgar-se com a porra.
__ Engula tudo __ disse ele. __ Tudo.
Ele soltou Mariana depois que ela o fez.
__ Agora, sai daqui.
Ela saiu meio encolhida da cama e, recolhendo suas roupas, praticamente correu para fora do quarto.
Ele ficou olhando o teto, satisfeito.
__ Você tinha razão, Mariana __ disse ele. __ Eu precisava de uma trepada.
Ele sentiu alguém ao lado da cama. Era Mariana, ainda nua, as coxas sujas de sangue, olhando-o com os olhos inchados e o cabelo desarrumado. Ele percebeu porra seca no canto da boca dela. Mas demorou a perceber a arma nas mãos de Mariana. Maldita segunda-feira, pensou ele.
Mariana nem ao menos sorriu, quando atirou.
2 comentários:
grande texto pruma segunda. já leu Rubaiyat?
Não, não li. Vou procurar. Valeu pela dica.
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