sexta-feira, 25 de maio de 2012

TRECHO o guia do mochileiro das galáxias

Douglas Adams

Também não se falou mais no fato de que, contra todas as probabilidades, uma cachalote havia de repente se materializado muitos quilômetros acima da superfície de um planeta estranho.
E como não é este o ambiente natural das baleias em geral, a pobre e inocente criatura teve pouco tempo para se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote, pois logo em seguida teve de se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote morto.
Segue-se um registro completo de toda a vida mental dessa criatura, do momento em que ela passou a existir até o momento em que ela deixou de existir.
- Ah…! o que está acontecendo?, pensou o cachalote.
- Ah, desculpe, mas quem sou eu?
-Ei!
- Por que estou aqui? Qual minha razão de ser?

- O que significa perguntar quem sou eu?

Calma, calma, vamos ver…ah! Que sensação interessante, o que é? É como… bocejar, uma cócega na minha.. minha…bem, é melhor começar a dar nome as coisa para eu poder fazer algum progresso nisto que, para fins daquilo que vou chamar de discussão, vou chamar de mundo. Então vamos dizer que esta seja a minha barriga

Bom. Ah, está ficando muito forte. E que barulhão é esse  passando por aquilo que resolvi chamar de minha cabeça? Talvez um bom nome seja… vento! Será mesmo um bom nome? Que seja… talvez eu ache um nome melhor depois, quando eu descobrir para que ele serve. Deve ser uma coisa muito importante, porque tem muito disso no mundo. Epa! Que diabo é isso? É… vamos chamar essa coisa de rabo. Isso, rabo. Epa, eu posso mexê-lo bastante! Oba! Oba! Que barato! Não parece servir para muita coisa, mas um dia eu descubro pra que ele serve. Bem, será que eu já tenho uma visão coerente das coisas?

Não.

Não faz mal. Isso é tão interessante, tanta coisa pra descobrir, tanta coisa boa por vir, estou tonto de expectativa…

Ou será o vento?

Puxa, realmente tem vento demais aqui, não é?

E puxa! Que é essa coisa se aproximando de mim tão depressa? Tão depressa. Tão grande e chata e redonda, tão… tão.. Merece um nome bem forte, um nome tão… tão… chão! É isso! Eis um bom nome: chão!

Será que eu vou fazer amizade com ele?

E o resto – após um baque súbito e úmido – é silêncio.

Curiosamente, a única que passou pela mente do vaso de petúnias ao cair foi: Ah, não, outra vez!  Muitas pessoas meditaram sobre esse fato e concluíram que, se soubéssemos exatamente por que o vaso de petúnias pensou isso, saberíamos muito mais a respeito da natureza do Universo que sabemos atualmente.

Também não se falou mais no fato de que, contra todas as probabilidades, uma cachalote havia de repente se materializado muitos quilômetros acima da superfície de um planeta estranho.
E como não é este o ambiente natural das baleias em geral, a pobre e inocente criatura teve pouco tempo para se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote, pois logo em seguida teve de se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote morto.
Segue-se um registro completo de toda a vida mental dessa criatura, do momento em que ela passou a existir até o momento em que ela deixou de existir.
- Ah…! o que está acontecendo?, pensou o cachalote.
- Ah, desculpe, mas quem sou eu?
-Ei!
- Por que estou aqui? Qual minha razão de ser?

- O que significa perguntar quem sou eu?

Calma, calma, vamos ver…ah! Que sensação interessante, o que é? É como… bocejar, uma cócega na minha.. minha…bem, é melhor começar a dar nome as coisa para eu poder fazer algum progresso nisto que, para fins daquilo que vou chamar de discussão, vou chamar de mundo. Então vamos dizer que esta seja a minha barriga

Bom. Ah, está ficando muito forte. E que barulhão é esse  passando por aquilo que resolvi chamar de minha cabeça? Talvez um bom nome seja… vento! Será mesmo um bom nome? Que seja… talvez eu ache um nome melhor depois, quando eu descobrir para que ele serve. Deve ser uma coisa muito importante, porque tem muito disso no mundo. Epa! Que diabo é isso? É… vamos chamar essa coisa de rabo. Isso, rabo. Epa, eu posso mexê-lo bastante! Oba! Oba! Que barato! Não parece servir para muita coisa, mas um dia eu descubro pra que ele serve. Bem, será que eu já tenho uma visão coerente das coisas?

Não.

Não faz mal. Isso é tão interessante, tanta coisa pra descobrir, tanta coisa boa por vir, estou tonto de expectativa…

Ou será o vento?

Puxa, realmente tem vento demais aqui, não é?

E puxa! Que é essa coisa se aproximando de mim tão depressa? Tão depressa. Tão grande e chata e redonda, tão… tão.. Merece um nome bem forte, um nome tão… tão… chão! É isso! Eis um bom nome: chão!

Será que eu vou fazer amizade com ele?

E o resto – após um baque súbito e úmido – é silêncio.

Curiosamente, a única que passou pela mente do vaso de petúnias ao cair foi: Ah, não, outra vez!  Muitas pessoas meditaram sobre esse fato e concluíram que, se soubéssemos exatamente por que o vaso de petúnias pensou isso, saberíamos muito mais a respeito da natureza do Universo que sabemos atualmente.

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