Charles G. Finney
O sátiro sorriu para Agnes, pegou a flauta e começou a tocar. Uma música fina e delicada pairou sobre o ar pesado da tenda escura. Levantou-se e dançou, ao som da música que ele próprio tocava, a causa de bode sacudindo-se bruscamente, retesando-se, abanando. Seus pés dançavam uma jiga, com os cascos batendo um contra o outro e marcando compasso, golpeando o chão sujo, tinindo, estalando, retinindo. O bodum tornou-se mais ativo.
Agnes ficou onde estava, assegurando a si própria ser uma moça calma e inteligente. O sátiro saltava ao redor dela, agitando a flauta, meneando a cabeça, contorcendo os quadris, sacudindo os cotovelos. A flauta soava, cantava. A porta da barraca fechou-se. Em volta de Agnes galopava o idoso homem-cabra. Os pipilos da flauta guinchavam em seus ouvidos, como o bimbalhar de minúsculas sinetas, provocando nela um nervosismo que a sacudia e fazia seu sangue latejar. Com as veias intumescidas pelo sangue em disparada, tremia como as ninfas gregas haviam tremido quando o mesmo sátiro, vinte séculos mais jovem, havia dançado e tocado para elas. Agnes estremecia e observava. E a flauta silvava, assoviava, sibilava.
O sátiro aproximou-se dela, dançando, roçando com as pontas dos cotovelos seus belos braços nus, tocando-lhe o vestido com as coxas hirsutas. Pequenos sacos de almíscar atrás de seus chifres incharam e se abriram, exalando um denso odor oleoso—um prelúdio do cio. A criatura pisou no pé de Agnes com um casco; a dor fez com que lágrimas rolassem pelos olhos dela. O sátiro beliscou-lhe a coxa, enquanto continuava sua dança. Doeu, mas Agnes descobriu que a dor e a lubricidade eram sensações afins. O cheiro que se desprendia dele era enlouquecedor. A barraca rescendia a almíscar. Agnes sabia que estava transpirando, que gotas de suor escorriam de suas axilas e umedeciam sua blusa. Sabia que suas pernas estavam brilhando de suor. O sátiro continuava a bailar de pernas tesas ao redor dela, seu peito ossudo subindo e baixando com o sopro incessante. Saltou sobre as pernas duras; atirou a flauta num canto distante; e então investiu contra Agnes. Mordeu-lhe os ombros e as unhas penetraram em suas coxas. A saliva em seus lábios misturou-se à perspiração em volta da boca de Agnes, que se sentiu ceder, cair, desfalecer—para ela o mundo girava cada vez mais vagarosamente, a gravidade enfraquecia, a vida começava.
A porta da barraca abriu-se e o doutor Lao entrou.
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