segunda-feira, 23 de maio de 2011

MALDITA SEGUNDA-FEIRA

José Marcelo

mulher nua na cama

As pessoas são estúpidas. Porque são acomodadas. Porque são preguiçosas. Têm desculpa para tudo e para não fazer nada. É. Todo mundo sabe disso. Nenhuma novidade e foda-se a humanidade. Foda-se. Esqueça isso. Não é nada. Mal e mau humor de segunda-feira. Vamos falar de coisas mais agradáveis…

Ele largou o notebook sobre a cama, foi ao banheiro, onde deu uma longa e prazerosa mijada. Olhou-se no espelho. Estava ficando barrigudo. Estava ficando velho. Estava puto e não tinha certeza sobre o quê. Que dia melhor pra ficar puto, pensou. Maldita segunda-feira. Bateram na porta. Pensou em fingir que não havia ninguém em casa. Depois pensou melhor.  Foi atender. Era Mariana. Ela estava linda. Ela foi logo entrando.

__ Ainda não tá pronto? __ ela disse.

__ Não __ respondeu ele, sentando-se no sofá. __ Eu não vou.

__ Claro que vai.

__ Não, não vou.

__ O que foi agora? __ Mariana cruzou os braços e olhou-o como se ele fosse uma criança birrenta.

__ Estou pensando em escrever um livro de auto-ajuda, mas ao contrário. Um que jogue na cara das pessoas o quanto elas são estúpidas. Um que demonstre que as pessoas não têm conserto. Nem final feliz. Shakespeare disse ou escreveu que no final tudo acaba bem. Porra, no final tem a morte. Nada acaba bem. Acaba em podridão.

__ Elas sabem disso.

__ Sabem, mas não admitem.

__ Tem certeza? Tem certeza que não vai?

__ Tenho.

__ Então também não vou.

__ Não por mim, espero.

__ Não seja vaidoso. Claro que não. Aquela festa vai ser uma merda mesmo. Quero que veja uma coisa.

Mariana ergueu a saia e tirou a calcinha, deixando ver uma pelugem rara entre as pernas.

__ Eu não me depilo a pelo menos uma semana, então não enche. Vem cá __ disse ela, sentando-se no sofá menor e erguendo e abrindo as pernas. Com os dedos, ela puxou os lábios entre as pernas e abriu-se delicadamente. __ Tá vendo? Não fica de pau duro. Eu não vou dar pra você. Quero que olhe com cuidado. Tá vendo?

__ O que eu tenho que ver, além do óbvio? __ Então ele viu. __ Caramba. Quando você fez isso?

__ Fiz o quê? Eu não fiz nada. Acordei assim hoje. Fui me masturbar hoje pela manhã e quando me toquei, senti isso.

__ Você é virgem de novo.

__ Sou. Pode isso? Com mais de trinta e pura como uma menininha?

Mariana passou o dedo de leve por sua virgindade, como se ainda não acreditasse, depois tornou a vestir-se.

__ Já contou pro namorado? __ perguntou ele.

__ Não. Nem sei se vou contar __ disse ela, erguendo a calcinha.

__ Ele vai perceber.

__ Não se eu me livrar disso antes.

__ E como você vai fazer isso?

__ Como você acha? __ Ela o olhou como se ele fosse o maior estúpido entre os estúpidos.

__ Pergunta estúpida.

__ É. Pergunta estúpida.

Agora Mariana o olhava com uma expressão safada no rosto.

__ Você disse que não ia dar pra mim __ disse ele.

__ Me ocorreu que é o melhor a fazer no momento. Além do mais você anda muito mal humorado. Anda precisando de uma boa trepada. E eu não quero ter que explicar ao meu namorado como fiquei virgem de novo. O que, aliás, não tenho nem idéia de como veio a acontecer.

__ É, entendo, ia ser difícil explicar isso praquele tapado.

__ Já disse que não gosto quando você fala assim dele, então não estraga o clima.

__ Desculpe. Quer fazer aqui ou na cama?

__ Na cama, claro, não é todo dia que uma garota perde a virgindade.

Mariana foi na frente, despindo-se e largando peças de roupa pelo caminho. Ele também tirou a roupa antes de chegar na cama. Mariana colocou o notebook no chão e ambos deitaram-se na cama.

Ela tinha um cheiro bom, ele pensou. Como algo puro. Algo intocado. Algo que ainda não se perdera. Ele sentiu-se tocando-a, beijando-a.

__ Com cuidado __ disse Mariana. __ A-ai, com cuidado, cuidado. Não me machuque.

Ele pensou, eu nunca faria isso. Então ele lembrou-se do dia em que a levara a uma festa, haviam acabado de se conhecer, e Mariana o largou para transar com um rapaz muito bonito que a seduzira facilmente, apenas com sorrisos perfeitos e olhares pouco discretos, e depois ainda voltara satisfeita e lhe dissera, me leva para casa?, como se ele fosse apenas isso, um motorista, nada mais que um serviçal para ela. Ele lembrou-se disso e de-repente estava com raiva dela, queria faze-la sofrer, vingar-se dela.

__ Mariana, por que eu faria isso? __ disse ele, e apertou a boca dela e pressionou seu corpo sobre o dela, dizendo: __ Por que eu faria isso? Por que eu faria isso, Mariana?

Ele viu a surpresa e o terror nos olhos de Mariana, olhos assustados entre seus dedos. Ele forçou seu peso sobre ela e forçou-a a abrir as pernas e então ela começou a debater-se e mordeu sua mão, fazendo-o sangrar e parar por um instante. Ele esmurrou-a e sentiu o osso do nariz partir-se sob seu punho. Mariana gemeu de dor. Ela estava chorando agora. E ele enfiou o pau de uma vez dentro dela, uma única estocada que a fez quase gritar.

__ Pronto __ disse ele. __ Agora você não é mais virgem.

Ele enfiou-se nela cada vez mais rapidamente e ficou surpreso quando Mariana gozou. Então saiu de dentro dela e começou a rir.

__ Agora, você vai me chupar __ disse ele.

Mariana encolheu-se. __ Não, não vou, não vou.

__ Você vai, se não quiser apanhar mais.

Mariana colocou-o na boca. Ele gozou quase imediatamente, segurando a cabeça dela e fazendo-a engasgar-se com a porra.

__ Engula tudo __ disse ele. __ Tudo.

Ele soltou Mariana depois que ela o fez.

__ Agora, sai daqui.

Ela saiu meio encolhida da cama e, recolhendo suas roupas, praticamente correu para fora do quarto.

Ele ficou olhando o teto, satisfeito.

__ Você tinha razão, Mariana __ disse ele. __ Eu precisava de uma trepada.

Ele sentiu alguém ao lado da cama. Era Mariana, ainda nua, as coxas sujas de sangue, olhando-o com os olhos inchados e o cabelo desarrumado. Ele percebeu porra seca no canto da boca dela. Mas demorou a perceber a arma nas mãos de Mariana. Maldita segunda-feira, pensou ele.

Mariana nem ao menos sorriu, quando atirou.

 

 

2 comentários:

Anônimo disse...

grande texto pruma segunda. já leu Rubaiyat?

O Ancião disse...

Não, não li. Vou procurar. Valeu pela dica.