- Durrell refere-se à necessidade que o escritor tem de uma ruptura em seus escritos, a fim de ouvir o som de sua própria voz. Na realidade, não é essa a sua própria expressão?
Henry Miller: Sim, creio que sim. Seja lá como for, isso me aconteceu com Trópico de câncer. Até aquela altura eu era, poder-se-se-ia dizer, um escritor inteiramente derivativo, influenciado por todos, adotando todos os tons e sombras de todos os outros escritores que eu amara. Eu era, poder-se-ia dizer, um literato. E tornei-me um homem não literato: cortei o cordão umbilical. Disse comigo mesmo: farei somente o que posso fazer, exprimirei o que sou ... Eis aí por que empreguei a primeira pessoa do singular, por que escrevi somente a respeito de mim mesmo. Resolvi escrever partindo de minha própria experiência, daquilo que eu sabia e sentia. E isso foi a minha salvação.
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