segunda-feira, 13 de junho de 2011

SOBRE LUIS BUÑUEL

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EXTRAÍDOS DE UMA ENTREVISTA COM JUAN-LUIS BUÑUEL:

Na Espanha, no início do século, entre 1915 e 1920, havia um ponto de encontro de intelectuais e de estudantes. Era "La residencia", em Madrid. EINSTEIN, por exemplo, vinha dar palestras, e FREUD, filósofos e cientistas vinham dar palestras, e lá meu pai foi estudar engenharia agrícola por que o pai dele queria que ele tivesse um trabalho decente. Ele estava mais interessado em literatura e poesia, mas, afinal estudou insetos. Ali ele  encontrou, por sorte um jovem poeta chamado FEDERICO GARCÍA LORCA e um jovem pintor, SALVADOR DALÍ. Ficaram inseparáveis, três amigos que se influenciavam uns aos outros e que pouco a pouco ficaram surrealistas antes, digamos de ouvirem falar do movimento surrealista em Paris. Claro que também fizeram coisas de contestação social. Por exemplo: uma amiga deles se vestia como prostituta. Ela subia no bonde, no centro de Madrid e, na parada seguinte um deles, LORCA ou DALÍ, vestido de padre, subia no bonde e começava a molestar essa jovem prostituta. Era um escândalo! E na terceira parada meu pai, vestido de policial, subia e agarrava o padre e batia nele gritando: "por que padres sempre estão perseguindo prostitutas nas ruas?", o bonde todo ficava chocado. Eles desciam e iam beber juntos num bar.

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Meu pai conheceu CHAPLIN em Hollywood, nos anos  30. Ao vê-lo, um dia, CHAPLIN disse que tinha visitantes da Europa e o convidou para a ceia de Natal. Haveria uma grande árvore e a única condição era trazer um presente para ser colocado sob a árvore. À meia-noite cada um pegaria um pacote diferente e todos teriam presentes. Meu pai achou isso muito  burguês, bobo e infantil. Mas ele foi, com um outro amigo espanhol e levaram seus presentes. No jantar, ao lado da enorme árvore, meu pai disse que quando acenasse com o lenço, os dois se levantariam e derrubariam a árvore e pisariam em todos os presentes. No meio do jantar ele tirou o lenço e foram até a árvore, a derrubaram e pisaram nos pacotes. CHAPLIN os pôs para fora da casa. Eles deviam ter bebido. Uma semana depois, meu pai reviu CHAPLIN e CHAPLIN disse que fosse jantar naquela noite mesmo, que estava tudo bem, sem ressentimentos. Eles foram e, ao entrar, viram a árvore de Natal. CHAPLIN disse: "LUIS, derrube a árvore agora, assim jantaremos tranquilamente". Riram muito  e jantaram bem, com muito gim.

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Blog do Bob.

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