Um dia ideal para os peixes-banana e livros e cinema e gibis e nus e ataxia espinocerebelar e 𓋹
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
sábado, 15 de outubro de 2022
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
JIMMY CORRIGAN
O GAROTO MAIS ESPERTO DO MUNDO.
Seria literatura de primeira grandeza não fosse uma obra perfeita dos quadrinhos.
Imagens alinhadas perfeitamente com as palavras.
Escrito por Chris Ware. (Quando vão publicar mais obras suas aqui?)
Enfim, LEIA.
BEN GRIMM P.I.
Hello Pulp Friends,
I did the above fake cover as (a bit silly) take on Ben Grimm for Comic Twart - inspired by an initial headsketch of Ben with fedora-like and coat on by Ramon Perez, sketch that I inked and transformed in the above cover.
This morning I couldn't help to do another take on this noir Ben Grimm as warmup sketch and the result is the above (quick) splash page that could actually open the story, which is...
Synopsis:
What if Ben and Reed part ways (not in a good way). After a few years Ben is a PI and (femme fatale) Sue steps in his office. She wants Ben investigating on the murder of Mr Fantastic.
How does that sounds for a NOIR take on the FF? :) Now if only I could find anyone at Marvel who lets me do it ;)
I am reposting these here becuase I think they belong here :)
Cheers,
Francesco Francavilla
ROTEIRO DE SUNSET BOULEVARD
SEQUÊNCIA “A”
A-1:
INICIAR o filme com o nome da rua: SUNSET BOULEVARD, pintado em um meio-fio. Na sarjeta há folhas caídas, pedaços de papel, fósforos usados e pontas de cigarro. É de manhã cedo.
A CÂMERA então deixa o nome da rua e MOVE-SE PARA O LESTE, o asfalto cinzento da rua preenche a tela. Conforme a velocidade aumenta para cerca de 60 km/h, vai passando a sinalização de trânsito pintada no chão, setas brancas, avisos de limite de velocidade, tampas de bueiro etc. SOBREPOSTOS a isso aparecem os CRÉDITOS, no mesmo estilo do nome da rua.
Depois do último crédito, TOMADA PANORÂMICA DA PARTE DE TRÁS DE UM VEÍCULO EM MOVIMENTO.
É um carro funerário do condado. A placa tem os seguintes dizeres: CALIFÓRNIA, 1949 – e um número. A moldura metálica em volta da placa está marcada com as palavras LOS ANGELES.
TOMADA PANORÂMICA MAIS ALTA. Ao longo da traseira do carro funerário está escrito INSTITUTO MÉDICO LEGAL.
MUDANÇA GRADUAL PARA:
A-2: O CARRO DO INSTITUTO MÉDICO LEGAL ENTRA EM UM BECO QUE LEVA AO NECROTÉRIO DO CONDADO.
O carro pára em frente a um portão fechado de barras de aço. Na parede há uma placa: BUZINE. O motorista buzina. Um servente abre o portão. O carro passa por ele indo para
A-3: UM TÚNEL e depois para
A-4: UM PEQUENO PÁTIO
O carro funerário vai, de ré, até uma plataforma de descarga e a buzina volta a soar. Dois serventes vestidos de branco saem do necrotério enquanto o motorista e um funcionário sonolento descem do carro funerário.
Os serventes abrem a porta traseira do veículo e retiram uma maca hospitalar com rodas na qual está um cadáver coberto por um cobertor marrom. Só aparecem os pés do cadáver, com meias baratas de algodão e mocassins desgastados. Estão encharcados. PANORÂMICA acompanhando os pés enquanto a maca é levada para uma pequena sala próxima à entrada do edifício e ali é parada.
MUDANÇA GRADUAL PARA:
A-5: MESMO ÂNGULO
O cobertor foi substituído por um lençol. Os pés estão descalços. As mãos de um servente entram na cena e colocam uma etiqueta no dedão do pé esquerdo do cadáver. FOCO NA ETIQUETA. Em caligrafia comum está escrito:
JOSEPH GILLIS
HOMICÍDIO
17/05/49
MUDANÇA GRADUAL PARA:
A-6: O PRÓPRIO NECROTÉRIO
Um servente leva a maca com Gillis morto para uma sala enorme, sem mobília e sem janelas. Encostados nas paredes estão vinte e tantos corpos cobertos por lençóis, dispostos em filas de macas com números grandes pintados na parede acima de cada maca. O servente empurra Gillis para um lugar livre. Além dele, os pés de outros cadáveres estão para fora dos lençóis: pés de homem, de mulher, de criança; dois ou três negros – todos com uma etiqueta pendurada no dedão do pé esquerdo.
O servente sai e apaga as luzes. Por um momento a sala fica na penumbra, então a música torna-se mais viva, um brilho estranho emana dos corpos sob os lençóis. A longa fila de etiquetas balança com o movimento do ar provocado pela ventilação.
(Nota: todas as vozes da cena seguinte soam de modo peculiar e oco).
UMA VOZ DE HOMEM: Não se assuste, há vários de nós aqui. Está tudo bem.
GILLIS: Não estou com medo.
A cabeça dele não se move, mas os olhos se movem devagar em direção à maca próxima a ele. Ali, sob um lençol quase transparente, está um homem gordo de uns 60 anos. Os olhos dele também estão abertos e voltados para Gillis.
HOMEM GORDO: Como é que você morreu?
GILLIS: Que diferença isso faz?
HOMEM GORDO: Morri de ataque cardíaco. Eu vinha morar aqui em Los Angeles. Tinha uma boa aposentadoria do Seattle City Bank e uma linda casinha toda arrumada. O corretor ia me mostrar o abacateiro quando começou.
GILLIS: É uma pena.
HOMEM GORDO: A sorte é que eu não tinha assinado o contrato.
(Pequena pausa).
GILLIS: E eu me afoguei.
(Em uma maca situada em frente à parede oposta está um garoto loiro de onze anos, o seu rosto de criança inchado também observa através do lençol transparente).
GAROTO: Eu também. Eu me afoguei. Perto do píer no Ocean Park. Apostei com Pinky Evans que podia ficar embaixo d´água mais que dois minutos e consegui.
(Sob outro lençol está um negro robusto).
NEGRO: Você saberia dizer se o Satchel Paige venceu o White Sox ontem?
GILLIS: Não, não sei. Morri antes que o jornal da manhã chegasse.
NEGRO: Que maldição! Eu estava trazendo laranjas do San Berdoo, e sintonizei nos resultados do beisebol quando ela bateu em mim – bum! Uma dona num Chevy cupê que ficou todo amassado e parecia uma tartaruga virada. Dava para pensar que eu ia escapar num caminhão de duas toneladas. Ha, ha! Ela saiu se arrastando e acendeu um cigarro e eu fiquei lá, morto no cruzamento, no meio das laranjas.
GAROTO: Eu queria que meus pais viessem me buscar.
(Sob outro lençol está uma mulher de meia-idade).
MULHER: Eles virão. Não se preocupe.
GAROTO: Acha que eles vão ficar bravos comigo?
MULHER: Não, não vão. Eles virão buscá-lo, e vão trazer flores e vão levá-lo para um lugar ensolarado e verde e colocá-lo para dormir para ter lindos sonhos.
HOMEM GORDO: Deveria haver mais salva-vidas, com tantos impostos que pagamos./ Para Gillis: Onde você se afogou? No mar?
GILLIS: Não. Piscina.
HOMEM GORDO: Um homem forte como você?
GILLIS: Bem, fizeram uns buracos em mim. Dois no peito e um na barriga.
HOMEM GORDO: Foi assassinado?
GILLIS: Sim, fui.
(Os olhos do gordo se movem para o canto oposto da sala).
HOMEM GORDO (em tom confidencial): O número 7 também foi assassinado. Cara interessante. Era corretor de apostas, ele me disse. Trabalhava para uma agência do leste. Bastou ele começar a arrecadar apostas para si mesmo e mandaram uns homens de Chicago. Fico pensando se a polícia vai um dia desvendar o crime.
GILLIS: Nunca vão desvendar o meu.
(Com um leve sorrido maldoso): Ia ser engraçado ficar aqui como um quebra-cabeça embaralhado, com a polícia e os colunistas de Hollywood tentando encaixar as peças erradas.
HOMEM GORDO: Hollywood? Você é do cinema?
GILLIS: Sim, cheguei em 45, porque queria ter uma piscina. E no fim eu consegui uma. Só que tinha sangue nela…
(Billy Wilder, D. M. Marshman Jr. e Charless Brackett, 1949)
Vi no Análise Indiscreta. E falando nisso, cara, que ótimo blog sobre cinema. Recomendadíssimo.
ALGO ALÉM
Em meus westerns há sempre algo além do aventuresco e do espetacular, “Django” era um filme sobre racismo e intolerância, “Navajo Joe” era contra o assassinato em massa dos índios, “Gli Specialisti” era um filme contra a opressão das classes ricas. Era um tempo em que os hippies estavam na moda e então eu decidi colocar alguns hippies fumando cannabis na cena final... Também tinha uma cena em que um dos personagens queimava dinheiro e isso irritou muitas pessoas.
Sergio Corbucci
PIERROT
José Marcelo
A mulher calou-se. Apertava o volante com tanta força que seus dedos estavam brancos demais, como mármore gelado.
__ O que você vai fazer? __ perguntou ela.
O homem desfigurado observava a casa nua através do pára-brisa imundo. Ele pegou a arma no porta-luvas e abriu a porta do carro com a mão enfaixada, manchada de sangue, trêmula. Saiu andando devagar pela estrada enlameada.
A mulher também desceu.
__ Isso vai dar em nada, a não ser dor __ disse ela.
A floresta à beira da estrada parecia uma mortalha, silenciosa e exalando um odor carregado, enquanto ambos se aproximavam da casa.
A mulher disse:
__ Vamos embora.
__ Não.
__ Não? Por que não?
__ Não. Só isso. Não.
__ Você quer morrer?
O homem olhou-a demoradamente, mas sem diminuir o passo, para que ela pudesse ver as cicatrizes, as marcas, a dor. Ela não pareceu abalar-se:
__ Isso não é motivo.
__ É o suficiente.
__ Eu te peço. Não faça isso. Não.
__
__ Você não tem medo?
__ Nada.
__ Como?
__ Antes eu sentia medo, raiva, vontade de chorar, um monte de coisas. Sentimentos. Agora, agora eu não sinto nada.
__ Deixa pra lá, por favor, deixa pra lá. Esquece. Não faz isso. Eu te peço.
__ Você devia ter ficado no carro.
Ela parou. Começara a chover, uma chuva fina e fria. A chuva pesou sobre seus cabelos e ela ficou olhando o homem desfigurado entrar na casa.
Fechou os olhos e esperou pelo barulho dos tiros.
SEMÁFORO MORAL
__ Un tipo trabaja 8 horas al día, 7 días a la semana. Se le hinchan las pelotas y empieza a dudar de la naturaleza de su existencia. Un día, a punto de salir su jefe le llama y le dice: “Bob, ven aquí y lámeme el culo”. Y él dice: “Al carajo. Me da igual lo que pase. Quiero ver la cara que pone cuando le clave las tijeras en el brazo”. Entonces piensa en mí. Dice: “Un momento. Tengo dos piernas y dos brazos. Y al menos no pido limosna”. Seguro que Bob deja las tijeras y saca la lengua. Yo soy una especie de semáforo moral. Es como si dijera: “Luz roja, no sigas”.
Tom Waits en El Rey Pescador (Terry Gilliam, 1991).
SOBRE TRABALHO
ENTREVISTADORA
Que tipo de trabalho o senhor fazia para ganhar aquele “algum dinheiro de vez em quando”?
FAULKNER
Tudo o que aparecesse. Eu podia fazer um pouco de quase tudo — dirigir barcos, pintar casas, pilotar aviões. Nunca precisei de muito dinheiro, porque a vida em Nova Orleans era barata nessa época, e tudo o que eu queria era um lugar para dormir, um pouco de comida, fumo e uísque. Havia muitas coisas que eu podia fazer por dois ou três dias, ganhando o suficiente para passar o resto do mês. Sou, por temperamento, um vagabundo, um erradio. Não quero dinheiro tanto a ponto de ter de trabalhar por ele. Na minha opinião, é uma pena haver tanto trabalho no mundo. Uma das coisas mais tristes que existem é que a única coisa que um homem pode fazer durante oito horas por dia, todos os dias, é trabalhar. Você não pode comer oito horas por dia, nem beber oito horas por dia, nem fazer amor por oito horas — só trabalhar é o que você pode fazer por oito horas. E é por essa razão que o homem faz a si mesmo e a todos os outros tão miseráveis e infelizes.
O HORROR NAS ILUSTRAÇÕES DE TATSUYA MORINO
Frankenstein. A mosca da cabeça branca. Os crimes da Rua Morgue. O chamado de Cthulhu.
PROVAVELMENTE UM GÊNIO
“I don’t like doing most things unless I can do them quite well” ~ Oliver Reed. Legend. Hellraiser. Drunken Hero.
VESTIDO DE RENDA
José Marcelo
Ela sentou-se, as mãos em feridas descansando sobre a renda clara do vestido.
__ O que aconteceu? __ perguntou o marido. Era uma pergunta sem nenhuma curiosidade: ele não se importava, não mais, talvez nunca. Ele estava parado, sem camisa, diante da janela, e ela olhou para as marcas das chicotadas nas costas dele, antigas mas suficientemente recentes para ainda doerem. Uma dor mais da alma que da carne. Ele olhou-a e repetiu a pergunta.
__ Eu estava cavando.
__ Cavando?
__ Eu queria sair. Eu não queria ficar lá, sozinha debaixo da terra.
Ele não disse nada. Entrou um vento como um uivo pela janela e o uivo fez a mulher desaparecer como areia que fora soprada.
GIU’ LA TESTA
“É um Sergio Leone”, eu disse. “Quer dizer, é um desses filmes que realmente podem ser chamados de clássicos.”
“Quer dizer que é antigo.”
“Não. Sim, é antigo. Mas não é clássico por isso. É clássico porque não envelheceu. É clássico porque é melhor do que muitos dos filmes que passam hoje em dia. É clássico porque não tem defeitos, pelo contrário.”
“É clássico
“É clássico porque… porque é foda.”
LUXÚRIA DE VAMPIROS
Belas mulheres seduzidas, a maldade dos amaldiçoados, a eternidade impura. O horror sensual da Hammer Filmes me seduz e fascina como o sangue à lua e o decote em um vestido virginal. O diretor Jimmy Sangster pinta a tela de cores vivas neste filme onde a linda Mircalla/ Carmilla vem a nós luxuriante em seus longos cabelos loiros e sua camisola esvoaçante.