― Que se foda ― disse o homem que tremia.
Era cor de sangue na borda do mundo. Amanhecia
na praia. O mar era fétido e escuro. A areia da praia era grossa e afiada, cheia de cacos e
restos. O homem estava ali sozinho, uma figura branca
usando um capacete enorme. Um astronauta que cambaleava enquanto tentava se
desfazer de suas vestes. Largou primeiro o capacete. Seu rosto era
velho e cansado. Tirou as botas e o resto até que completamente nu ajoelhou-se e vomitou algo vermelho e sem odor. Olhou para trás e viu a fumaça que erguia-se
de sua nave, uma nuvem colorida, quase dantesca em sua forma imaterial.
Deixou-se cair, pesadamente, e caindo sobre a areia, morreu.
Uma
morte rápida, uma golfada de ar que subiu no ar onde pássaros ancestrais de um
planeta alienígena voavam e observavam curiosos a fumaça que continuava a
bailar e bailar até não existir mais.
Foi
o fim. Uma viagem longa da terra a outro lugar que terminou abruptamente,
trêmula e sem sentido, talvez ocasionada por um erro mecânico ou uma falha
humana ou o acaso. O simples acaso da morte.