sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tá com fome?

CAT PEOPLE

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A Marca da Pantera. Clássico dos anos 1980. Uma mistura de terror e erotismo que fazia sonhar com Nastassja Kinski selvagem entre lençóis.

A BELEZA ADORMECIDA DA VOVÓ O’GRIMM

O PRIMEIRO DE KUBRICK

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A Morte Passou Por Perto.

Cais das Sombras

Filme noir francês com aquela qualidade a um tempo bela e fatalista em seus diálogos:

- Há gente aqui esta noite.
- Sim. E gente boa.
- Ah, não, as pessoas são más e criminosas… Dizem que existem coisas lindas, não sei.
- Pinte você o que é bom.
- Eu tentei… pintei flores, pintei mulheres, crianças… Foi como se pintasse o interior da maldade. Em cada lugar vejo a maldade.
- Isso é como pintar com uma navalha.
- O que é mais simples que uma árvore? Quando a pinto todos estão inquietos porque há alguém escondido. Pinto as coisas escondidas atrás das coisas. Um nadador é um afogado para mim.
- Natureza morta, hein?
- Cala a boca, imbecil!
- Não, o imbecil sou eu… ao viver tão mal, sempre angustiado.
- Sim, mas tudo dará certo.
- Ainda pensa em se matar?
- Há aqueles que vão pescar, outros casam, outros vão para a guerra, outros cometem crimes passionais e há quem se suicida. Alguém deve morrer.
- É a vida!
- É.
- Ah sim, você bebe para matar algo que te chateia.
- Eu? Eu bebo é pra ficar bêbado.
- É o mesmo.

Do Quixotando.

SONYA

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

OS MORTOS-VIVOS

Robert Kirkman

Do Ambrosia.

Morrison na BBC

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Grant Morrison está escrevendo uma mini-série em sete capítulos para a BBC sobre uma estranha lenda escocesa.

Anos atrás o escocês louco tentou levar sua obra prima ‘Os Invisíveis’ para o principal canal britânico, mas não conseguiu. Quem sabe agora, finalmente, possamos ver as idéias estranhas e fantásticas de Morrison na tv.

Em tempo: está sendo produzido um documentário sobre Grant Morrison. Abaixo, o trailer.

Portfólio Oladios

"For us, there is only the trying.
The rest is not our business."

T.S.Eliot

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Da Oladios.

O VODU DE SEBASTIAN

Sopa de salsicha

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Eduardo Medeiros

A Metamorfose

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Franz kafka e Charles Schultz.

INGA E SABRINA

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

É tudo verdade

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Existem outros 2.304.350.933 motivos, mas faltou espaço na página, ré ré ré.

Do Adão.

O Fantasma de Canterville

Oscar Wilde

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Quando Mister Hiram B. Otis, o embaixador americano, adquiriu o Parque Canterville, não faltou quem o advertisse de que cometia uma loucura, porque na habitação apareciam, indubitavelmente, almas do outro mundo. Na verdade, o próprio Lord Canterville, cujo caráter era dos mais exigentes em escrúpulos, supusera seu dever assinalar o fato, chegado o momento de discutirem as condições do negócio. - Até nós mesmos tínhamos já muito pouca vontade de residir aqui - disse Lord Canterville - desde que a minha tia avó, a duquesa donatária de Bolton, desmaiou de terror (ela nunca pôde restabelecer-se desse abalo moral) quando as mãos de um esqueleto lhe assentaram nas espáduas, numa ocasião em que se vestia para o jantar. Devo igualmente dizer-lhe, Mr. Otis, que o fantasma tem sido visto por muitos membros ainda vivos da minha família, assim como pelo cura da paróquia, o Reverendo Augustus Dampier, agregado do Kingís College, em Cambridge. Depois do desgraçado acidente sucedido à duquesa, nenhum dos nossos criados novos quis manter-se a serviço, e Lady Canterville raramente conseguia conciliar o sono durante a noite por causa dos misteriosos ruídos vindos do corredor e da biblioteca. - Lord Canterville, - respondeu o embaixador - eu sou o comprador da propriedade e do fantasma pelo valor que lhes seja atribuído. Venho de um país moderno em que o povo tem tudo quanto o dinheiro pode obter. Não é certo que a nossa atrevida mocidade revoluciona o Velho Mundo? Não lhes arrebatam as melhores atrizes e prima-donas? Se existisse um fantasma na Europa, dentro em pouco o teríamos lá, estou convicto disso; ele seria exposto num dos nossos museus ou exibido nas ruas.

Apenas um trecho.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sasha Grey

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Doutor 3-D

Retrô, trash, nonsense, inteligente, britânica… A minha série preferida.

Sonhos, filmes, Welles

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“Um filme não é nunca um relatório sobre a vida. Um filme é um sonho. Um sonho pode ser vulgar, trivial e informe; é talvez um pesadelo. Mas um sonho não é nunca uma mentira.”

Orson Welles

Can Women Think Themselves To Orgasm?

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Clayton "Siege" Cubitt.

O ASSASSINO DENTRO DE MIM

Um eco de sangue ecoa atrás de seus olhos nus. (Marcelo)

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Baseado no livro de Jim Thompson, um fera dos pulps, o filme promete não amenizar a violência e a ambigüidade dos escritos do senhor Thompson.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Iniciantes

Raymond Carver

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Por que não dançam?

Na cozinha, ele serviu mais um drinque e olhou para a mobília do quarto, no jardim da frente. O colchão estava nu e os lençóis, com listras coloridas, arrumados ao lado de dois travesseiros sobre a cômoda. A não ser por isso, as coisas tinham a mesma cara de quando estavam dentro do quarto - a mesinha e a luminária de leitura do seu lado da cama, a mesinha e a luminária de leitura do lado dela da cama. O lado dele, o lado dela. Ele ficou pensando nisso, enquanto bebia devagar o seu uísque. A cômoda estava a pouca distância do pé da cama. Ele havia esvaziado as gavetas e guardado tudo em caixas de papelão naquela manhã, e as caixas estavam na sala. Um aquecedor portátil se encontrava do lado da cômoda. Uma cadeira de vime, com uma almofada decorativa, estava junto ao pé da cama. O material de cozinha, de alumínio amarelado, ocupava uma parte da entrada para a garagem. Uma toalha de musselina amarela, grande demais, um presente, cobria a mesa e pendia dos lados até embaixo. Um vaso com uma samambaia estava sobre a mesa, junto com uma caixa de talheres, também um presente. Um tele visor de modelo grande estava em cima de uma mesinha de café e, a alguns metros disso, um sofá, uma cadeira e uma luminária de chão. Ele tinha puxado uma extensão da casa e tudo estava ligado, as coisas funcionavam. A escrivaninha foi arrastada até a porta da garagem. Alguns utensílios estavam sobre a escrivaninha, junto com um relógio de parede e duas gravuras emolduradas. Na entrada para a garagem havia também uma caixa com xícaras, copos e pratos, todos embrulhados um a um em jornal. Naquela manhã, ele tinha esvaziado os armários e, a não ser pelas três caixas na sala, tudo estava do lado de fora. De vez em quando, um carro diminuía a velocidade e as pessoas observavam. Mas ninguém parava. E ele pensou que também não pararia.

"Deve ser uma venda feita no jardim, puxa vida", disse a garota para o rapaz.

Aquela garota e o rapaz estavam mobiliando um apartamento pequeno.

"Vamos ver quanto querem pela cama", disse a garota.

"Eu queria saber quanto estão cobrando pela tevê", disse o rapaz.

Entraram com o carro no jardim e pararam na frente da mesa de cozinha.

Saíram do carro e começaram a examinar os objetos. A garota tocou na toalha de musselina. O rapaz ligou a tomada da batedeira e girou o botão para a posição moer. Ela pegou um braseiro. Ele ligou o botão do televisor e fez uns ajustes cuidadosos. Sentou-se no sofá para ver. Acendeu um cigarro, olhou em redor e jogou o fósforo na grama. A garota sentou-se na cama. Tirou os sapatos e se deitou. Podia ver Vênus no céu.

"Venha cá, Jack. Experimente só esta cama. Traga um daqueles travesseiros ali", disse ela.

"Que tal?", perguntou ele.

"Experimente só", disse ela.

Ele olhou ao redor. A casa estava às escuras.

"Estou com uma sensação engraçada", disse ele. "É melhor ver se não tem alguém em casa."

Ela balançou o corpo sobre a cama.

"Primeiro, experimente", disse a garota.

Ele se deitou na cama e colocou o travesseiro embaixo da cabeça.

"Que tal?", perguntou a garota.

"É firme", disse ele.

Ela virou-se de lado e pôs o braço em volta do pescoço dele.

"Me beije", disse ela.

"Vamos levantar", disse ele.

"Me beije. Me beije, meu bem", disse ela.

A garota fechou os olhos. Abraçou o rapaz. Ele não pôde deixar de gostar do toque dos dedos atrevidos da garota.

O rapaz falou:

"Vou ver se tem gente em casa", mas continuou sentado.

O televisor ainda estava ligado. Luzes tinham sido acesas nas casas da rua, tanto para um lado como para o outro. Ele ficou sentado na beirada da cama.

"Não seria engraçado se...", disse a garota, deu uma risadinha e não terminou.

Ele riu. Acendeu a luminária de leitura.

Ela espantou um mosquito com a mão.

Ele se levantou e pôs a camisa para dentro da calça.

"Vou ver se tem alguém em casa", disse. "Não acho que tenha alguém em casa. Mas se tiver vou perguntar quanto querem por estas coisas."

"Qualquer valor que pedirem, você oferece dez dólares a menos", disse ela. "Devem estar no maior sufoco."

Ficou sentada na cama, vendo televisão.

"Você podia aumentar o volume", disse a garota, e deu uma risadinha.

"É uma tevê muito boa", disse ele.

"Pergunte quanto eles querem por ela", disse a garota.

Max veio pela calçada com uma sacola de supermercado. Trazia sanduíches, cerveja e uísque. Havia bebido durante a tarde inteira e agora chegara a um ponto em que a bebida pare- cia começar a deixá-lo sóbrio. Mas havia uns intervalos. Tinha dado um pulo no bar vizinho ao mercado, ouviu uma música no jukebox e, sem ele perceber, o dia escureceu antes que se lembrasse das coisas que estavam no meio do seu jardim.

Viu o carro na entrada e a garota na cama. O televisor estava ligado. Aí viu o rapaz na varanda. Começou a atravessar o jardim.

"Oi", disse para a garota. "Achou a cama, não foi? É legal."

"Oi", disse a garota, e levantou-se. "Estava só experimentando." Deu uma palmadinha na cama. "É uma cama muito boa."

"É uma cama boa", disse Max. "O que vou falar agora?"

Sabia que tinha de falar mais alguma coisa. Baixou a sacola de compras e pegou a cerveja e o uísque.

"A gente pensou que não tinha ninguém aqui", disse o rapaz. "Estamos interessados na cama e talvez no televisor. Talvez na escrivaninha também. Quanto quer pela cama?"

"Estava pensando em cinquenta dólares pela cama", respondeu Max.

"Não aceita quarenta?", perguntou a garota.

"Tudo bem, faço por quarenta", respondeu.

Pegou um copo da caixa, tirou o jornal e abriu a tampa da garrafa de uísque.

"E a tevê?", quis saber o rapaz.

"Vinte e cinco."

"Não pode fazer por vinte?", perguntou a garota.

"Vinte está legal. Posso fazer por vinte", respondeu Max.

A garota olhou para o rapaz.

"Escutem, crianças, não querem tomar um drinque?", perguntou Max. "Os copos estão nesta caixa. Vou me sentar. Vou me sentar no sofá."

Sentou-se no sofá, reclinou-se para trás e olhou bem para os dois.

O rapaz achou dois copos e serviu o uísque.

"Quanto você quer?", perguntou para a garota. Tinham só vinte anos de idade, o rapaz e a garota, mais ou menos um mês de diferença.

"Para mim chega", disse ela. "Acho que quero o meu com água."

Puxou uma cadeira e sentou-se diante da mesa de cozinha.

"Tem água naquela bica ali", disse Max. "É só abrir a torneira."

O rapaz pôs água no uísque, no seu e no dela. Deu um pigarro antes de também sentar diante da mesa de cozinha. Depois sorriu. Pássaros voavam ligeiro no alto, atrás de insetos.

Max ficou olhando para a televisão. Terminou o seu drinque. Estendeu a mão para ligar a luminária de pé e deixou o cigarro cair entre as almofadas. A garota se levantou para ajudá-lo a encontrar o cigarro.

"Quer mais alguma coisa, meu bem?", perguntou o rapaz.

Pegou o talão de cheques. Serviu mais uísque para si e para a garota.

"Ah, eu quero a escrivaninha", disse a garota. "Quanto custa a escrivaninha?"

Max abanou a mão ante aquela pergunta absurda.

"Faça uma proposta", respondeu.

Olhou para eles, sentados junto à mesa. À luz da luminária, havia alguma coisa na expressão do rosto dos dois. Por um mo

mento, aquela expressão pareceu conspiratória e depois se tornou terna - não havia outra palavra para aquilo. O rapaz tocou a mão da garota.

"Vou desligar a tevê e pôr um disco para tocar", avisou Max. "Esta vitrola também vai. Baratinho. Façam uma proposta."

Serviu mais uísque e abriu uma cerveja.

"Vai tudo de uma vez."

A garota estendeu o copo e Max serviu mais uísque.

"Obrigada", disse ela.

"Isso sobe rapidinho", disse o rapaz. "Estou ficando meio tonto."

Terminou seu drinque, esperou um pouco e serviu mais um. Estava preenchendo um cheque quando Max achou os discos.

"Escolha algum que você goste", disse Max para a garota e ofereceu os discos para ela.

O rapaz continuou preenchendo o cheque.

"Este aqui", disse a garota, e apontou. Não conhecia os nomes que constavam nos discos, mas aquele estava legal. Era uma aventura. Levantou-se da mesa e sentou-se outra vez. Não que- ria ficar parada.

"Vou fazer um cheque ao portador", disse o rapaz, ainda escrevendo.

"Está ótimo", disse Max. Terminou de beber o uísque e arrematou com um pouco de cerveja. Sentou de novo no sofá e cruzou uma perna sobre a outra.

"Por que você dois não dançam, crianças?", disse Max. "Essa é uma boa ideia. Por que não dançam?"

"Não, acho que não", respondeu o rapaz. "Quer dançar, Carla?"

"Vamos lá", disse Max. "A entrada da garagem é minha. Podem dançar à vontade."

Os braços de um em volta do outro, seus corpos apertados um no outro, o rapaz e a garota ficaram indo e vindo pela entrada da garagem. Estavam dançando.

Quando o disco terminou, a garota pediu para Max dançar. Ela ainda estava sem sapatos.

"Estou bêbado", disse ele.

"Não está bêbado", disse a garota.

"Bem, eu estou bêbado", disse o rapaz.

Max virou o disco e a garota chegou perto dele. Começaram a dançar.

A garota olhava para as pessoas aglomeradas no janelão da casa do outro lado da rua.

"Aquelas pessoas lá. Olhando", disse ela. "Está tudo bem?"

"Tudo bem", respondeu Max. "O terreno é meu. A gente pode dançar. Eles achavam que já tinham visto de tudo por aqui, mas isto ainda não tinham visto", disse.

Num instante ele sentiu o hálito quente da garota no seu pescoço e disse: "Espero que você goste da sua cama".

"Vou gostar", disse a garota.

"Espero que vocês dois gostem", disse Max.

"Jack!", disse a garota. "Acorde!"

O queixo de Jack se ergueu com um tranco e ele ficou olhando sonolento para os dois.

"Jack", disse a garota.

Ela abriu e fechou os olhos. Enfiou o rosto no ombro de Max. Puxou-o mais para perto.

"Jack", murmurou a garota.

Olhou para a cama e não conseguiu entender o que a cama estava fazendo ali no meio do jardim. Olhou para o céu, por cima do ombro de Max. Segurou-se ao corpo de Max. Estava repleta de uma felicidade insuportável.

Mais tarde, a garota disse:

"Era um cara de meia-idade. Todas as coisas dele largadas ali no meio do jardim. Não estou brincando, não. A gente ficou bêbado e dançou. Na entrada para a garagem. Ah, meu Deus. Não ria. Ele pôs uns discos para tocar. Olhe só esta vitrola. Ele deu para a gente. Aqueles discos velhos também. Jack e eu fomos dormir na cama dele. Jack ficou de ressaca e teve de alugar uma caminhonete de manhã. Para levar todas as coisas do sujeito. Depois eu acordei. Ele estava cobrindo a gente com um cobertor, o tal sujeito. Este cobertor aqui. Sente só."

Ela continuou a falar. Contava para todo mundo. Havia mais coisas, ela sabia disso, mas não conseguia exprimir em palavras. Depois de um tempo, parou de falar do assunto.

All the leaves are brown and the sky is grey

sábado, 20 de fevereiro de 2010

STORM

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Do 10 pãezinhos.

FIM DE CASO

GRAHAM GREENE

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Uma história não tem princípio nem fim: arbitrariamente, escolhe-se o momento vivido de onde se deve olhar para trás ou para a frente. Eu digo “escolhe-se” com o orgulho incorreto de um escritor profissional que tem sido elogiado – quando observado com seriedade – pela sua habilidade técnica, mas será que, de fato, escolho aquela noite escura e úmida de janeiro no Common, em 1946, a figura de Henry Miles atravessando, inclinada, o grande rio de chuva, ou são essas imagens que me escolhem? É conveniente e correto, segundo as regras do meu ofício, começar exatamente aqui, mas se eu tivesse acreditado então em um Deus, poderia também ter acreditado numa voz, sugerindo ao meu ouvido, “Fale com ele: ele ainda não viu você”.

Apenas um  trecho.

COSPLAY

Wondeful cosplay

Preparando o clássico

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O Poderoso Chefão.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quem matou o anão?

 

Last Rites of Ransom Pride.

estudos para um conto de fadas

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Do Larte.

“Just too old… we’re not old at all…”

GOMORRA

Roberto Saviano

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As mulheres são, na sua maioria, mais capazes de encarar o crime como se fosse somente coisa de um momento, do juízo de alguém, de um degrauzinho pisado e logo superado. Isso as mulheres dos clãs mostram claramente. Elas se sentem ofendidas, ultrajadas quando chamadas de camorristas, criminosas. Como se criminoso fosse só um julgamento sobre um ato, não um gesto objetivo, um comportamento. Mas somente uma acusação. Até hoje, diferentemente dos homens, nenhuma mulher boss da Camorra se arrependeu. Nunca.

Em defesa feroz dos bens de sua família, sempre esteve Ermínia Giuliano, conhecida como Celeste por causa da cor de seus olhos, a bela e vistosa irmã de Carmine e Luigi, os boss de Forcella, que - segundo as investigações da promotoria - é a referência absoluta do clã quando se trata da gestão de bens imóveis e de capitais de investimento no setor comercial. Celeste encarna a imagem da napolitana clássica, da camorrista arrogante do centro histórico, os cabelos tingidos de louro platinado, os olhos claros e frios, sempre afogados como gemas em fortes traços de delineador preto. Ela dirigia as atividades econômicas e legais do clã. Em 2004, foram confiscados dos Giuliano os bens nascidos da sua atividade empresarial: 28 milhões de euros, o verdadeiro pulmão econômico do clã. Tinham um conjunto de cadeias de lojas em Nápoles e no interior, e uma empresa titular de uma marca que se tornou famosíssima, por meio da habilidade da empresa e da proteção armada e econômica do clã. Uma marca que tem uma rede de franchising composta por 56 pontos de vendas na Itália, Tóquio, Bucareste, Lisboa e Tunísia.

O clã Giuliano, hegemônico nos anos 1989 e 1990, nasceu no ventre mole de Nápoles, em Forcella, o quarteirão que reivindica para si toda a mitologia da tradição, toda a lenda de ser o umbigo podre do centro histórico napolitano. Os Giuliano parecem um clã saído do nada, pouco a pouco emerso da miséria, do contrabando de prostitutas, das extorsões de porta em porta, e até dos seqüestros. Uma dinastia enorme baseada em primos, netos, tios, parentes. Chegaram ao ápice do poder no final dos anos 1980 e agora são portadores de uma espécie de carisma que não tem como desaparecer.Ainda hoje, quem quiser comandar alguma coisa no centro histórico deve confrontar-se com os Giuliano. Um clã saído do colo da miséria e com horror de voltar a ser miserável.Uma das afirmações de Luigi Giuliano, o rei de Forcella, que mais demonstrou seu desgosto pela miséria, foi registrada pelo cronista Enzo Perez. Ele lhe disse:"Eu não estou de acordo com Tommasino, eu até gosto de presépio, mas são os pastores que me dão nojo!"

O perfil do poder absoluto do sistema camorrista assume cada vez mais os traços femininos. Mas também os seres mais sofridos, mais massacrados pelos tratores do poder são as mulheres. Annalisa Durante, morta em Forcella no dia 27 de março de 2004, num fogo cruzado, tinha 14 anos. Quatorze anos. Quatorze. Repetir isso é como passar uma esponja de água gelada ao longo da coluna. Fui ao funeral de Annalisa Durante. Cheguei cedo à igreja de Forcella.As flores ainda não tinham chegado, mas havia manifestações escritas por todo lado, mensagens de condolências, lágrimas, depoimentos dilacerantes de colegas de escola. Annalisa foi assassinada. Uma noite quente, talvez a primeira noite realmente quente dessa estação terrivelmente chuvosa, Annalisa decidiu passá-la na entrada do prédio de uma amiga. Usava um vestidinho bonito e quente que aderia ao seu corpo tonificado, já bronzeado. Essas noites parecem feitas para encontrar namorados, e 14 anos para uma mocinha de Forcella é a idade propícia para começar a escolher um possível namorado a ser conduzido até o matrimônio. As moças de 14 anos do quarteirão popular de Nápoles já parecem mulheres vividas. Os rostos são fortemente maquiados, os seios são transformados em duríssimos melõezinhos pelos sutiãs push-up, calçam botas com saltos finíssimos que põem em perigo os tornozelos. Devem ser equilibristas para sustentar o vertiginoso caminhar sobre o basalto, pedra vulcânica que reveste as ruas de Nápoles - sempre inimiga de todo sapato feminino. Annalisa era bonita. Muito bonita. Com a amiga e uma prima estava escutando música, todas três lançando olhares aos rapazes que passavam em suas motos, empenando, fazendo barulho com os pneus, empenhando-se em rachas perigosíssimos entre carros e pessoas. Um jogo de sedução atávico, sempre idêntico. A música preferida das moças de Forcella é a dos neomelódicos, cantores populares de um circuito que vende muito nos quarteirões populares napolitanos, mas também nos de Palermo e Bari. Gigi D'Alessio é o mito absoluto. O que conseguiu sair daquele pequeno circuito e impor-se em toda Itália. Os outros, centenas de outros, permaneceram pequenos ídolos de bairro, divididos por zona, prédio, rua. Cada um tem o seu cantor. De repente, porém, enquanto o rádio solta no ar o agudo rouco dos neomelódicos, duas motos, acelerando ao máximo, perseguem alguém que escapa, devora a rua com os pés. Annalisa, sua prima e a amiga não entendem, pensam que estão brincando, talvez se desafiando. Depois os disparos. Balas batem e rebatem por todo lado. Annalisa cai por terra. Duas balas a atingiram. Todos fugiram. As primeiras caras que começam a sair de trás de balcões, sempre disponíveis a proteger transeuntes, começam a gritar "ambulância, hospital", e o quarteirão inteiro se enche de curiosidade e apreensão.

Salvatore Giuliano é um nome importante. Chamar-se assim parece já ser condição suficiente para comandar.Mas aqui, em Forcella, não é a recordação do bandido siciliano que confere autoridade a esse rapaz. É somente o seu sobrenome. Giuliano. A situação ficou pior depois da decisão de falar, tomada por Lovigino Giuliano, um arrependido. Ele traiu seu clã para evitar a prisão perpétua.Mas, como sempre acontece nas ditaduras, mesmo se o chefe sai de cena, nenhum outro, senão um dos seus homens, pode tomar o lugar. Os Giuliano, portanto, mesmo com a marca da infâmia, continuavam a ser os únicos em condições de manter relações com os grandes corredores do narcotráfico e impor a lei da proteção. Com o tempo, porém, Forcella se cansa. Não quer mais ser dominada por uma família de infames, não quer mais prisões e polícia. Quem quer tomar o lugar deles deve eliminar o herdeiro, deve impor-se oficialmente como soberano e expulsar a raiz dos Giuliano, o sucessor, ou seja, Salvatore Giuliano, o neto de Lovigino. Aquela noite era o dia estabelecido para oficializar a hegemonia, para tirar de cena o pimpolho que estava crescendo e mostrar a Forcella o início de um novo domínio. Seguiram-no, esperaram, marcaram. Salvatore caminha tranqüilo, mas se dá conta, subitamente, de estar na mira. Escapa. Os assassinos o seguem, ele corre, quer achar uma saída. Começam os disparos.
Giuliano muito provavelmente passa na frente das três moças, aproveita-se delas como escudo e, na confusão, tira uma pistola e começa a disparar. Com alguns disparos consegue fugir, e os killers não o alcançam. Quatro foram as pernas que correram para dentro do prédio procurando refúgio. As meninas se olharam, falta Annalisa. Saem. Está no chão, sangue por todo lado, uma bala abriu-lhe a cabeça.

POLERINA

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