josé marcelo
depois que saí do hospício - depois que o médico disse não há nada mais que eu possa fazer por você.
foi o que ele disse. não disse que eu estava bem. não disse que eu estava curado. não. o que ele disse foi outra coisa.
mas enfim.
depois que eu saí do hospício e voltei para casa, não fui recebido com alegria. meus irmãos me olhavam de cara feia. ninguém gostou de ver. nem mesmo minha mãe. ela apenas me olhou. você, falou com desprezo.
você.
é. eu. sou eu.
hunf.
não vou ficar.
hunf.
entrei no meu quarto, peguei um livro e saí. as pessoas na rua ou me ignoravam ou me encaravam. não sei o que é pior.
eu sabia que não ia voltar. para casa, quero dizer.
sentia falta dos loucos. pelo menos neles eu podia confiar. eram imprevisíveis mas não inconstantes.
decidi voltar para o hospício de qualquer jeito. não devia ser difícil. era só agir como louco, certo? certo?
então mijei na rua e cuspi na viatura, subi na estátua da praça e fiquei gritando e miando e correndo.
e tudo o que eu consegui foi uma surra da polícia.
então voltei para casa.
minha mãe me olhou. agora deu pra apanhar da polícia?
me interna, mãe.
ela sorriu. por que saiu?
eles me mandaram embora.
então não posso fazer nada.
ela virou-se e saiu.
voltei ao hospício e pulei o muro. consegui dormir lá, mas no outro dia cedo fui expulso.
desde então durmo encostado no muro.
porra, tudo o que eu quero é continuar louco. a loucura me consola.
é pedir muito?
foi o que ele disse. não disse que eu estava bem. não disse que eu estava curado. não. o que ele disse foi outra coisa.
mas enfim.
depois que eu saí do hospício e voltei para casa, não fui recebido com alegria. meus irmãos me olhavam de cara feia. ninguém gostou de ver. nem mesmo minha mãe. ela apenas me olhou. você, falou com desprezo.
você.
é. eu. sou eu.
hunf.
não vou ficar.
hunf.
entrei no meu quarto, peguei um livro e saí. as pessoas na rua ou me ignoravam ou me encaravam. não sei o que é pior.
eu sabia que não ia voltar. para casa, quero dizer.
sentia falta dos loucos. pelo menos neles eu podia confiar. eram imprevisíveis mas não inconstantes.
decidi voltar para o hospício de qualquer jeito. não devia ser difícil. era só agir como louco, certo? certo?
então mijei na rua e cuspi na viatura, subi na estátua da praça e fiquei gritando e miando e correndo.
e tudo o que eu consegui foi uma surra da polícia.
então voltei para casa.
minha mãe me olhou. agora deu pra apanhar da polícia?
me interna, mãe.
ela sorriu. por que saiu?
eles me mandaram embora.
então não posso fazer nada.
ela virou-se e saiu.
voltei ao hospício e pulei o muro. consegui dormir lá, mas no outro dia cedo fui expulso.
desde então durmo encostado no muro.
porra, tudo o que eu quero é continuar louco. a loucura me consola.
é pedir muito?
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