Liev Tolstói
Mikháilov, ao avistar a bomba, jogou-se no chão e, assim como Praskúkhin, semicerrou as pálpebras, abriu e fechou os olhos duas vezes e lhe veio uma vastidão de pensamentos e sentimentos naqueles dois segundos, o tempo que a bomba levou para explodir. Em pensamento, rezou para Deus e não parava de repetir: 'Seja feita Sua vontade! Mas para que entrei no serviço militar?', pensava ao mesmo tempo. 'E ainda por cima entrei logo na infantaria para participar da campanha; não seria melhor ter ficado no regimento dos ulanos na cidade de T. e passar o tempo com minha amiga Natacha?... Agora, olhe só no que deu!' E começou a contar: um, dois, três, quatro, imaginando que, se a bomba explodisse num número par, ele ficaria vivo, mas se fosse ímpar, ele ia morrer. 'Está tudo acabado! Estou morto!', pensou, quando a bomba explodiu (ele não lembrava mais se foi num número par ou ímpar), e sentiu um impacto e uma dor atroz na cabeça. 'Senhor, perdoai meus pecados!', exclamou, erguendo os braços, levantou-se um pouco e tombou de costas, sem sentidos.
via mundo de k.
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