“Esse gênero de cinema (o thriller) visa suprimir as cenas utilitárias para só conservar as agradáveis de filmar e agradáveis de ver. É um cinema que satisfaz muito ao público e frequentemente irrita os críticos. Enquanto assistem ao filme, ou depois de terem assistido, analisam o roteiro, que naturalmente não resiste a análise lógica. Volta e meia consideram fraquezas as coisas que constituem o próprio princípio desse gênero de cinema, a começar com uma absoluta desenvoltura em matéria de verossimilhança.
Em Os Pássaros há uma cena longa no bar onde as pessoas falam de pássaros. Entre essas pessoas, há uma mulher de boina, que é justamente uma especialista em pássaros, uma ornitologista. Está lá por mera coincidência. Naturalmente eu poderia ter filmado três cenas para introduzi-la de modo verossímil, mas essas cenas não teriam o menor interesse.
E para o público seriam uma perda de tempo.
Não só uma perda de tempo. Mas seriam como buracos no filme. Buracos ou manchas. Sejamos lógicos: se você quiser analisar tudo e construir tudo em termos de plausibilidade e verossimilhança, nenhum roteiro de ficção resiste a essa análise e você só poderia fazer uma coisa: documentários.
É bem verdade. O limite do verossímil é o documentário.”
- Alfred Hitchcock
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