terça-feira, 5 de junho de 2012

Certa Vez

Certa vez perto de Antofogasta/ entre as dissipadas vidas do homem/ e o círculo arenoso/ do pampa/ sem ver nem ouvir me detive no nada/o ar é vertical no deserto/ não há animais (nem sequer moscas)/ somente a terra, como a lua, sem caminhos/só a plenitude inferior do planeta/ densos quilômetros de noite e matéria,/ Eu ali sozinho, buscando a razão da terra/ sem homens e sem asas, poderosa/ só, em sua magnitude, como se houvesse/ destruído uma por uma as vidas/ para estabelecer seu silêncio.”

- Pablo Neruda

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