Entrevista cedida à Jesse Pearson
Às vezes não parece arriscado, não saber o rumo da história?
Não. Não me preocupo com isso. Se não funcionar, não funcionou. Mas se eu gostar dos personagens, sei que vai funcionar. Sei que vou me divertir com eles, isso para mim é o principal. O processo de escrever tem que ser divertido, senão esquece.
Deve ser legal para você, já que está sempre escrevendo.
Estou escrevendo um livro agora. Se chama Djibouti. Tem a ver com os piratas Somalis.
Uau!
Uma cineasta de 35 anos começa a ler sobre esses piratas no jornal e decide que quer fazer um documentário sobre eles. Ele fez três documentários até agora e todos ganharam prêmios. O Katrina, ela fez em Nova Orleans, onde morava, então saiu de casa e filmou Katrina. Ela fez um outro sobre supremacia branca chamado… Esqueci o nome.
Então a personagem do seu novo livro é baseada nessa cineasta?
Não, ela é minha personagem.
É totalmente fictícia? Pelo jeito que você fala dela, eu pensaria que ela realmente existe.
Eu sei, é porque eles se tornam reais para mim. Depois que acaba o livro, fico imaginando: “O que será que eles estão fazendo agora?”
Isso é incrível.
Então, ela arruma um assistente, que é um negão enorme de 72 anos que era marinheiro. Ele já deu a volta ao mundo umas 50 vezes. Já esteve por essas águas, pelo Mar Vermelho, Golfo de Áden, Oceano Índico, contornou a Península Somali. É lá que esses piratas estão operando. No livro tem até aquele último sequestro do navio americano, em que eles mantiveram o capitão como refém em um bote salva-vidas, e que atiradores de elite atiraram nos três piratas—um tiro em cada um.
Aqueles disparos foram impressionantes.
Eles não estavam tão distantes. O bote estava alinhado com o destroyer. Os atiradores estavam atrás do destroyer e acho que eles estavam com os rifles apoiados em um giroscópio para conseguir manter o nível.
Mas três tiros na cabeça, de um barco gigante flutuando no mar, para um bote no escuro… é bem impressionante, com ou sem giroscópio.
Três tiros para acabar com a história.
Adoro esses piratas.
Bom, ela também adora, tem uma simpatia enorme por eles pelo fato de sua área de pesca estar sendo contaminada por lixo tóxico. Eles também estavam tendo uma concorrência enorme com grandes companhias chinesas e japonesas que estavam mandando pescadores para lá. Então eles começaram a sequestrar navios para pedir resgate.
E os seus personagens principais entendem o lado deles.
Logo no primeiro capítulo, ela chega em Djibouti. O assistente já está lá com um barco alugado. Naquela noite, ele mostra Djibouti, que é um caos absoluto, para ela. Eles cruzam com um pirata que está na cidade para uma noitada, ele tem uma Mercedes e vai dar uma volta. Não é um pirata qualquer, tem um certo nível e muito dinheiro. Vive pela Somália. Ela também conheceu outro cara no vôo de Paris que sai por aí conversando com piratas, tentando convencê-los de que isso não vai acabar bem.
Tentando desviar eles do caminho que escolheram.
Isso. E ele é saudita, estudou em Oxford e tem um jeito meio britânico. É um cara bacana, se chama Ari, mas todo mundo conhece ele como Harry. Idris é o nome do pirata. Também têm outras pessoas envolvidas. Tem um cara que se chama Billy Wynn que está em um iate de 2 milhões de dólares, com uma garota que adora mas está sendo testada. Eles dão a volta ao mundo e se ela não reclamar ou enjoar, ele provavelmente vai casar com ela. Ele é engraçado, um pouco estranho.
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