sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DEZ, DOZE

 


Uma das garotas tinha cerca de dez anos; a outra, doze. Eram bonitas, tinham grandes olhos negros e aveludados, cabelos compridos e sedosos, e pele dourada. Usavam vestidos brancos curtos e meias também brancas. Com agudos gritinhos as duas garotas entravam correndo no quarto do Barão e se atiravam em sua imensa cama.

Só que o Barão, como muitos homens, sempre despertava com o pênis em um estado particularmente sensível. Na verdade, ele se sentia muito vulnerável. Não tinha tempo de se levantar e acalmar sua condição urinando. Antes que pudesse fazê-lo, as crianças já tinham cruzado correndo o soalho lustroso e se atirado sobre ele e seu pênis proeminente, que de certa forma o grande acolchoado azul-claro conseguia ocultar.

As duas meninas não se importavam com o fato de suas saias ficarem totalmente levantadas e com o modo como suas esbeltas pernas de dançarinas se trançavam e pressionavam o pênis dele, intumescido sob a coberta. Rindo, rolavam sobre o Barão, sentavam-se em cima dele, montavam-no e o tratavam como se fosse um cavalo, instando para que ele balançasse a cama com um movimento de seu corpo.

“Delta de Vênus”, Anais Nin, Círculo do Livro, 1977, SP, tradução de Haroldo Netto. E, na foto, Brooke Shields, em Pretty Baby, 1978.

 

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