sábado, 23 de janeiro de 2021

A MULHER INSECTO

José Marcelo
vorota-ploti

Ela disse Eu não estou com medo. Eu te amo. Eu não tenho medo.
Eu disse Me mostra a língua me beija.
Ela disse Só se você fizer aquilo.
Eu disse Aquilo o quê.
Ela disse Aquilo que me faz gozar.
Eu disse Primeiro me beija.
Ela disse Promete.
Eu disse Prometo.
Ela me beijou. Eu a fiz gozar. Também gozei.
Então, uma vez cumprida a promessa, a matei. Estrangulei-a com minhas mãos, enquanto lá fora o trem passava, ruidoso demais, fazendo tudo estremecer levemente.
Depois observei-a, estirada sobre a cama, as pernas levemente abertas, a vagina ainda úmida e vazando meu sêmen, linda e perfeita. Minha irmã morta.
Fui até a cozinha e peguei uma faca e cortei a língua da minha irmã e guardei a língua na geladeira.
Naquela noite tornei a sonhar com baratas que voavam e pousavam em meu prato e eu as comia com um enorme sorriso de satisfação.
Enterrei minha irmã em uma cova no quintal. Fiz um belo jardim sobre a terra morta. Muitas flores de muitas cores.


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