alexandre dal farra
“as lembranças do passado de merda ficam nas nossas cabeças e não servem para porra nenhuma. eu fico lembrando das coisas, e acho isso uma merda, principalmente se as coisas que eu lembro têm a ver com a porra da rachadura na parede da casa da minha avó…”
“… seria melhor o grito. seria melhor não haver as palavras, só o grito, o grito desarticulado, sem lembranças, sem marcas. todas as palavras são marcas que carregam diversas outras coisas além do que elas descrevem agora. as palavras vêm sempre maculadas do que elas já disseram antes, são palavras velhas de merda e se conectam todas com as fotos tiradas posteriormente pelo cérebro. palavras filhas da puta, marcadas pelo passado escroto!seria preciso ficar só no grito, só o grito, o grito, o grito, eu sinto a gosma que reviveu dentro de mim e quer se tornar grito sem palavras…”
“tenho raiva desse mecanismo do meu cérebro,e tenho raiva particularmente da maneira como ele liga as memórias entre si, criando tramas infinitas em que eu me enredo e fico fora do lugar onde estou!(…) estou sentado na frente do meu portão de embarque onde há os animais escrotos esperando para ir viajar, e decidi lembrar de alguma merda, não importa o quê. estou me esforçando para lembrar de algo que não venha da minha relação orgânica com a vida, que não emerja da merda da situação de agora que me remete às outras merdas…”
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