terça-feira, 29 de maio de 2012

DE DALTON TREVISAN AS PALAVRAS

“Perdido de casa, sem dinheiro para o táxi, fugitivo do último inferninho…”

“…no fundo azedo das entranhas, floresce o lírio vermelho da azia…”

“Na adoração das nascidas rainhas da noite aberto o saco de presentes e distribuídos seus tesouros. Os três magos num só, em busca da estrela do Oriente, a quem ofertou o reloginho de pulso? Todo o ouro para a gorda do Tiki Bar? A mirra para a que era o palácio dos prazeres? O incenso para a Ritinha dos quatro mosqueteiros?”

“Na boca os mil beijos da paixão, sabendo uns a amendoim torrado, outros a batatinha frita…”

“o  lírico e maldito rei da noite, maior tarado da cidade, último vampiro de Curitiba… À procura do sapato perdido na famosa viagem ao fim da noite… Enfia o roupão de seda azul com bolinha branca—lembrança da lua-de-mel… No mapa da babugem a rosa-dos-ventos indica os sete inferninhos da paixão… araponga louca do meio-dia…Tateia o pulso e, ó surpresa, ali está—um relógio à procura de uma bailarina?… Um noivo toucando-se para as núpcias com o sol…”

“…a fabulosa égua do carro do Faraó (…) e se for gaguinha? Ou fanhosa? (…)Amor tão furioso, carro de bombeiro com a sirena uivando, a pobre Laura não podia ignorá-lo—a simples bolinha de papel que ela pisava era escorpião abrasado de fogo.

(…) No álbum de retratos antigos o calvário de sua perdição—normalista seduzida pelo próprio tio (…) Entre beijos soluçando que a crucificava de pequenas delícias, ó gostosão de todos o mais fogoso. Menos doida de paixão estivesse, não falaria assim, obrigado a recordar-se de quantos tipos a desfrutaram.

(…) Caçula mimado, o rapaz quase nos 30 anos, não trabalhava e sua mesada mal dava para o cigarro, o jornal, o cinema…”

Era a mulher da minha vida. Por que é que eu não sabia? Como é que ninguém me contou? (…) Não tivesse ela casado com o garçom eu a esquecia. Hoje estava com outra. Agora fiquei preso a ela para sempre.”

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