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PAULO
Depende.
JORDAN
Eu me sinto cansado. Sofri uma desilusão muito grande... Quando voltar ao Rio me procure... Podemos conversar com calma.
Lamartine se exalta, o Cardeal a seu lado.
LAMARTINE
Precisamos fundar novas cidades, abrir grandes estradas, construir escolas! Os detratores não sabem que Juscelino fez o mais importante Governo do Brasil: construiu Brasília, desfraldou a bandeira do nacionalismo, Três Marias, Furnas _ a força do desenvolvimento, a aurora do nacionalismo nasceu deste homem cujos erros tinham a mesma grandeza de seus acertos... Precisamos de trezentas cidades no Amazonas, precisamos restaurar o espírito dos bandeirantes, o espírito do Pe. Antônio Vieira!
As vacas começam a berrar. Os vaqueiros cercam as vacas, montando nos seus cavalos. Começa um aboio Jordan e o Piloto levam Lamartine para o helicóptero. Bisquê idem. Silvino observa ao fundo. Sanfonas, movimento _ divertem-se.
Paulo sente calor, alheio àquilo, bebe cerveja. Ouve o barulho do helicóptero.
O helicóptero sobe, Silvino olha, Bisquê vem ao fundo, corre em direção a Silvino.
BISQUÊ
Grande homem, o Dr. Lamartine!
O Embaixador fixa Silvino, assustado. Silvino o abraça. O barulho do helicóptero.
SILVINO
O senhor vai servir aonde agora?
BISQUÊ
Gostaria de servir no México...
SILVINO
Qual sua posição política?
BISQUÊ
Um liberal conservador ou melhor um conservador liberal...
Silvino dá uma bruta gargalhada e bate na barriga do Embaixador. O helicóptero neste momento passa sobre elas, levanta o vento e espalha o ruído. Bisquê foi por terra, sob o vento, tenta se compor, Silvino sorri, Paulo entra em campo com o copo de cerveja, Silvino grita.
SILVINO
Embaixador, pra se subir no Governo Federal é preciso ser de esquerda. Comunista não, veja bem... De esquerda!
CAM sobe com música. TRAV aéreo. Os vaqueiros cercam a boiada que se movimenta. O americano, no jipe, descreve um círculo, buzinando gritando como um cowboy.
CAM afasta-se, estoura uma música carnavalesca. CORTE.
Seqüência 6
TRAV. DESCONTÍNUO. Mulheres fantasiadas dançando histéricas. Estamos num baile de Carnaval, num Clube pequeno. Animação.
Uma mulher loura dá um longo beijo em Paulo. Paulo fantasiado simplesmente, de marinheiro, afasta-se, um pouco bêbado e se dirige ao bar. Confusão generalizada. Consegue disputar um uísque.
Subitamente atacam Paulo de lança-perfume e gritos e beijos. São Marina e Álvaro. Paulo, feliz com a descoberta, os beija.
TRAVS DESCONTÍNUOS. Corre o carnaval. Paulo, Marina e Álvaro se divertem, felizes.
Detalhes de um préstito, clima de sonho. Sucedem-se os préstitos, trombetas.
A Escola de Samba desfila, insólita e agressiva. Oscilam bandeiras.
Estoura o Baile do Municipal. São seqüências rápidas e fortes, dando a passagem de tempo do Carnaval.
TRAV LATERAL, veloz, passa levando Paulo, Marina e Álvaro, alegres, confundem-se com outros foliões, cresce.
Seqüência 7
Um bar marítimo. TRAV LENTO, um grupo de foliões, madrugada de quarta-feira de Cinzas. Os foliões ainda cantam uma marcha-rancho, poética, As Pastorinhas.
Numa mesa estão Álvaro, Marina e Paulo. Conversam, informais, tontos e sonolentos. Esta cena tem um tom de sonho. A marcha-rancho ao fundo é substituída por outra.
Um dia ideal para os peixes-banana e livros e cinema e gibis e nus e ataxia espinocerebelar e 𓋹
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
trecho: roteiro de "Terra em Transe", filme de Glauber Rocha
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