José Marcelo
Todo dia. Toda hora. Mas principalmente à noite. Gabriela tomou outro banho. Demorado, aflitivo. Esfregava a pela com força: a esponja fazia arder a pele nua. Deixava-a vermelha. A pele alva que alguém lhe dissera lembrar Branca de Neve. Mas era principalmente entre as pernas que esfregava mais. Sentava-se no chão gelado e abria as pernas e deixava a água bater com força em sua vagina. Enchia os olhos: úmidos, azuis, quase brilhantes. Lavava a boca, escovava os dentes. Maldita, pensava. Maldita imunda suja suja. SUJA.
Depois do banho, deitava-se molhada em sua cama de lençóis imaculadamente brancos e fechava os olhos. Tentava não pensar nele. Tentava. Mas o rosto dele tornava a aparecer sob seus olhos, a boca dele, principalmente a boca dele. Macia. Agradável. Gostosa. Adorava o jeito que a língua dele tocava seu rosto. De leve. Quase de brincadeira.
Excitava-a. Quase sem perceber ela tornava a tocar-se.
Um dia acordou tarde. A mãe olhava-a preocupada. Gabriela ficou com medo de perguntar o que era, mas perguntou assim mesmo. O que foi?
Você estava sonhando, falando sozinha, disse a mãe.
Gabriela ainda com medo de perguntar, disse: Falando o quê?
A mãe hesitava, meio que gaguejava, mas falou: Coisas. Coisas que uma mocinha da sua idade não deve falar ou pensar… principalmente… principalmente…
O quê?
A mãe disse, de uma vez: Principalmente sobre o próprio irmão.
Gabriela agora evitava olhar para a mãe. A mãe, que quase saiu correndo do quarto.
Gabriela foi mandada para um colégio de freiras, do tipo que quase não se encontra hoje em dia. Ficou lá um tempão e chegou mesmo a pensar que esquecera a atração pelo irmão. Um dia, chegou a notícia: o irmão se acidentara. Estava quase morto, internado na UTI de um hospital cujo nome ela esqueceu assim que ouviu.
Foi visitá-lo, claro. Sentiu as pernas enfraquecerem, quando o viu todo enfaixado e cheio de tubos. Do rosto de múmia, apenas um olho, mas ainda falava, pelo menos isso. Gabriela não conseguia parar de chorar. Ele pediu para ficar sozinho com ela.
Estou morrendo, disse ele. Não chore, todo mundo morre, eu morro, é normal. Mas tenho apenas um arrependimento. Um só. Um só. Um. Não ter tido você.
Gabriela não conseguia fechar a boca. Seu sujo sujo sujo sujo, disse ela. Sujo.
Então tirou o pau dele para fora e começou a masturba-lo. Ele morreu antes de gozar.
2 comentários:
Porra, tu foi cruel. rsrs
Podia ter deixado ao menos o cara gozar antes de morrer, já tava todo fodido mesmo. :)
hehehehhe. até pensei em deixar, mas quem está fodido custa nada ficar fodido e meio. e a história era mais sobre a menina e o que ela não conseguiu sentir nem no fim.
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