domingo, 18 de agosto de 2013

LOLITA

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"E ela era minha, era minha, a chave estava em minha mão, a mão estava em meu bolso, ela era minha. Nas evocações e elucubrações a que eu havia dedicado tantas noites de insônia, eliminara gradualmente todas as imperfeições supérfluas e, guardando apenas as visões translúcidas, havia chegado a uma imagem definitiva. Nua, com exceção de uma soquete e sua pulseira-talismã, deitada de pernas e braços abertos na cama onde meu filtro a derrubara - era assim que a antevia; numa das mãos ainda segurava a fita de veludo que lhe prendera os cabelos; seu corpo cor de mel, com a silhueta de um maiô rudimentar recortada como um negativo branco contra a pele bronzeada de sol, oferecia a meus olhos os pálidos botões dos seios; na rósea claridade do abajur, uma ligeira penugem púbica brilhava sobre seu arredondado montículo. A fria chave, com o cálido apêndice de madeira, estava em meu bolso."
("Lolita", de Vladimir Nabokov.)

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